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Água nas mãos de privados

Assembleia Municipal de Torres Novas deu luz verde

A exploração do abastecimento de água no concelho de Torres Novas vai ser entregue a uma empresa privada. A autorização foi concedida pela assembleia municipal. A única força política a por objecções à decisão foi a CDU, que fala em “escândalo”.

Ao fim de mais de duas horas de debate, os deputados municipais de Torres Novas acabaram por votar favoravelmente a proposta que autoriza a câmara a concessionar a exploração e gestão do abastecimento de água e tratamento de águas residuais do concelho. Os quatro votos contra vieram da bancada da CDU que na sexta-feira anterior tinha já manifestado à comunicação social a sua posição sobre o assunto, antecipando-se à assembleia municipal, que decorreu na noite de segunda-feira, 26 de Maio.Em cima da mesa da Assembleia Municipal de Torres Novas estava uma questão importante – autorizar ou não a autarquia a abrir concurso para a concessão da exploração e gestão dos serviços públicos de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais de Torres Novas. Mas os deputados municipais debateram muito mais que isso, parecendo até que já se discutia o próprio caderno de encargos. Que, segundo informação do departamento jurídico da autarquia, poderá até nem vir à assembleia para aprovação. A bancada da CDU aproveitou o tempo concedido para tentar desmanchar os argumentos do presidente da autarquia. O deputado António Canais chegou mesmo a afirmar que aprovar aquela deliberação era passar um cheque em branco a António Rodrigues. Para a CDU, a força política que mais interveio na reunião, o presidente da autarquia foi adiando os investimentos prioritários a fazer no concelho no sector das águas e do saneamento de uma forma “deliberada e propositada”, à espera precisamente que chegasse o dia em que anunciaria a sua concessão argumentando que a autarquia não tem capacidade para fazer os investimentos que ainda há a fazer, “simplesmente porque não os quis fazer”.O presidente da autarquia contrapunha esta posição, afirmando que a medida administrativa vem matar dois coelhos com apenas um tiro e que nos próximos dez anos não haverá hipótese de fazer “nem 20 por cento do valor do investimento que está previsto nesta concessão”, quatro milhões de contos nos primeiros três anos de gestão privada. “E as tarifas subiriam na mesma, podem ter a certeza”, garantiu António Rodrigues.Quanto ao facto da empresa vencedora do concurso poder vir a fazer o que bem entende, como foi alertado pela bancada da CDU, o presidente afirmou que “ninguém quer entregar o ouro ao bandido” e que o sector terá apenas uma gestão privada, não será privatizado. “Vai haver um controlo e fiscalização rigorosos neste processo por parte da autarquia”, referiu António Rodrigues, adiantando que no seu entender, tomar esta posição perante um sector que precisa de ser gerido com alguém que detenha uma capacidade financeira que a autarquia não tem, é “demonstrar coragem política”.“Câmara optou pela solução mais fácil”Para a concelhia da CDU de Torres Novas o que a autarquia pretende fazer ao dar a privados a gestão da água é “expoliar e alienar” do município esse dois sectores, fundamentais para a sociedade e um bem público que deve ser preservado e defendido a todo o custo. Na conferência de Imprensa realizada na sexta-feira, dia 23, os comunistas salientaram que a concessão da água e do saneamento será sempre um excelente negócio para o capital privado mas uma péssima solução para o município.“Com a privatização será eliminada a garantia de orientação da gestão da água por valores de equidade económica e social, princípios de coesão nacional e territorial, solidariedade e reponsabilidade ambiental”, referem os responsáveis torrejanos da CDU, para quem a proposta do executivo camarário “é um autêntico escândalo”.“Todos sabemos que o negócio da água e do saneamento é altamente rentável, gerido actualmente por grandes grupos económicos internacionais. Se o é para o sector privado por que razão não o há-de ser também para o município”, questionou a CDU.Para esta força política dar a gestão da água a privados é seguramente a tomada de posição mais grave que António Rodrigues teve desde que está à frente da autarquia.

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