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Observador Manuel Serra D’ Aire

É tiro e queda. Basta eu começar a fazer as malas para ir de férias e o São Pedro prega-me uma partida. Este ano foi a mesma coisa. Em Junho esteve um calor de estrelar ovos, mas mal se aproximou o Dia D o tempo começou a mudar. Só faltou mesmo nevar. E agora estou aqui na praia, enfiado dentro da barraca, que tive de cobrir com um oleado, a jogar à bisca com a mulher, camuflados com camisolas e peúgas de lã. Porra que é demais! São Pedro: assim não se ajuda o turismo nem se promove um país que se anuncia de ter não sei quantas horas de sol por dia.Gostava de saber que mal fiz eu à caprichosa e barbuda santidade que manda nestas coisas da meteorologia. Será pelo meu culto entusiástico à Santa da Ladeira, a quem já propus inclusivamente a honra de um feriado municipal em Torres Novas? Ou será por me estar a meter sempre com Fátima, que agora até vai ser concelho graças a Deus? Perdão, graças ao CDS e ao PSD, que patrocinaram a proposta, e as falcatruas da política.E por falar nisso, já reparaste na tramóia que anda para aí? Primeiro anunciou-se a criação, a título excepcional, do novo concelho de Fátima, graças ao milagre produzido pelos deputados do PSD e do CDS. O título de excepção justifica-se, tendo em conta que desde as aparições aos três pastorinhos a localidade tornou-se no altar do mundo. E quem tem esse estatuto merece no mínimo ter uma câmara municipal e respectiva vereação, pois então...Depois falou-se em inseminar mais três novos concelhos, entre eles Samora Correia. Mas o CDS e o PSD não se entenderam e só Canas de Senhorim vai fazer companha a Fátima. Provavelmente também a título excepcional, embora não haja notícias sobre aparições divinas por aquelas bandas, nem sequer de algum OVNI. Insofismável Manel, esta demagogia à volta dos novos concelhos dá-me azia. A tentação dos políticos em cederem às capelinhas partidárias dá nisto. E algum dia temos em cada terra um concelho. Basta reivindicar, fazer manifestações, invocar regimes de excepção, fomentar aparições, não etéreas mas de políticos em campanha que lá deixem uma singela e descuidada promessa. E como somos um país rico, em cada concelho vamos ter um pavilhão desportivo, umas piscinas, uma câmara municipal e milhentos funcionários, assessores e vereadores – porque os futuros empregos não são de descurar – e por aí fora. É um fartar, vilanagem!Se em causa estivessem os interesses do país e do serviço às populações, em vez de se criarem novos concelhos, extinguiam-se mas era algumas dezenas. E honra seja feita aos orgãos de comunicação social de referência, aqueles que são de Lisboa e têm grandes vedetas a apresentar telejornais, que não estão com meias medidas nesse capítulo, fazendo aquilo que os políticos não têm coragem.Ainda na semana passada, uma televisão punha Mação no concelho de Tomar, numa medida sensata de ordenamento do território. Foi sem apelo nem agravo, sem referendo à população. E os dois concelhos nem sequer fazem fronteira, pelo que se presume que outros concelhos que ficam de permeio tenham também sido anexados pelos nabantinos.Será que são já influências do presidente da Câmara de Tomar, António Paiva, aspirante a imperador templário do Médio Tejo e feroz combatente da moirama que se estende pela lezíria do Tejo?Prenhe de dúvidas e a tiritar de frio despeço-me com um bacalhau congelado Serafim das Neves

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