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O futuro pertence à Parreira

Manuel Anastácio da Rosa confia no potencial da sua freguesia

Diz a lenda antiga que, na Parreira, estaria um velhote a comer um cacho de uvas quando alguém lhe terá pedido alguns bagos para enganar a fome. Ele acedeu e, dias depois, terá nascido uma cepa naquele local. Hoje não há milagres, mas a freguesia da Parreira, no concelho da Chamusca, cresce a olhos vistos.

Manuel Anastácio da Rosa, 63 anos, filho da terra, dono de um café e de um mini-mercado, ascendeu de tesoureiro da Junta de Freguesia de Parreira a líder da autarquia devido ao falecimento repentino do primo, Custódio Henriques. Aconteceu há cerca de cinco anos. O autarca é um homem optimista quando fala da sua terra. Porque a Parreira já possui muito do que se pode esperar de uma pequena freguesia com cerca de 1120 habitantes. Há boas acessibilidades, chega-se pelo lado de Almeirim, Coruche, Chamusca ou Ponte de Sôr. “Estamos bem servidos de estradas e situados num centro nevrálgico. Já não será no meu tempo, mas a Parreira vai ser uma grande terra”, afirma convicto Manuel da Rosa. Motivos de satisfação não faltam ao autarca. No capítulo da saúde, e mesmo ao lado da sede da junta de freguesia, fica a nova extensão de saúde. Uma infra-estrutura recente que o autarca considera a melhor do concelho. Dispõe de um médico em serviço permanente e de um enfermeiro que ali se desloca três vezes por semana. O projecto para a construção de um centro de dia, que se encontra na fase de preparação do terreno, é a grande prioridade do momento. Como é habitual, “só falta a massa”, avisa. Na sua opinião existe abertura por parte da Segurança Social de Santarém para a questão. Baseado na experiência de outras freguesias, reconhece que “desde o projecto até à inauguração se demora cerca de cinco a seis anos, mas confio que dentro de um par de anos a obra esteja concluída”. O centro terá capacidade para cerca de 40 utentes.Com uma extensão de 133 quilómetros quadrados de área, instalar saneamento básico na Parreira não é tarefa fácil. Mas Manuel da Rosa entende que, mais ano menos ano, há que dar a volta à situação. “Temos uma pessoa de Marianos que vem limpar as fossas sépticas da freguesia porque o pessoal na Câmara da Chamusca não consegue lidar com o problema”, adverte. Na Parreira vive-se maioritariamente à base da riqueza proporcionada pela floresta. A madeira do eucalipto e a cortiça do sobreiro são os maiores “filões” da freguesia. Há ainda cogumelos em abundância e uvas, enquanto as indústrias da construção civil e do mobiliário também registam algum crescimento.As pessoas da terra raramente a abandonam definitivamente. Muitos trabalham em Santarém e até em Lisboa, pernoitando na localidade. Mas a população da freguesia tem diminuído. Tudo porque os casais não têm mais que um filho em média. “Antigamente era bem diferente. Eram aos oito e aos nove rebentos”, recorda Manuel da Rosa. Apesar disso, o número de vivendas vai crescendo todos os anos e não faltam jovens. A escola de primeiro ciclo conta com mais de 30 alunos e o jardim de infância tem cerca de 20. O autarca atribui ao actual Plano Director Municipal (PDM) várias falhas e espera que, a alteração, prevista para 2004, venha a beneficiar quem queira fazer a sua vida na Parreira.CARGO POUCO RECONHECIDOA relação entre a junta de freguesia e a Câmara da Chamusca é boa. Manuel da Rosa garante que existe diálogo entre as partes e que quase nunca se fala em partidos. A sua maior preocupação é a escassez de receitas do concelho. “Se houvesse uma lei que taxasse cada estere de madeira de eucalipto e arroba de cortiça colhidas, certamente seria um concelho bem mais rico”, sugere. Exemplifica mesmo que é Constância que beneficia da madeira colhida nas florestas da Parreira e que é encaminhada para a fábrica do Caima.A segurança tem sido um problema em foco nos últimos tempos. Mesmo com a passagem quase diária da patrulha da GNR, um grupo de “amigos do alheio” teima em fazer alguns assaltos a agricultores da freguesia. Por isso, Manuel da Rosa defende a criação de uma extensão do posto da Chamusca na sua freguesia. “Estamos num local central, perto do Chouto e de Vale de Cavalos”, sustenta. O líder da Junta de Freguesia da Parreira ressalva também que, apesar de Governo e câmaras municipais descentralizarem meios e competências, os autarcas locais continuam esquecidos. “Recebo apenas uma compensação e penso que devia ser um cargo mais reconhecido face à responsabilidade que tenho e a exigência que a população nos faz”, opina.

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