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Arcebispo propõe canonização do Infante Santo

O arcebispo primaz D. Eurico Dias Nogueira propôs domingo, em Santarém, a retoma do processo de canonização de D. Fernando, o Infante Santo, figura de culto popular nunca sancionada oficialmente. “Vale a pena relançar ou retomar esta causa, mesmo que o processo não chegue, ao menos no imediato, ao desejado desfecho”, afirmou.D. Eurico lançou o repto no encerramento do congresso internacional “Santarém e o Infante Santo, 600 anos”, que decorreu nos últimos três dias em Santarém, com a participação de numerosos estudiosos portugueses e estrangeiros.O arcebispo apontou os caminhos para uma eventual retoma do processo, sugerindo como mais simples e mais célere o do martírio (que não requer a prova do milagre) e como entidade promotora a Diocese de Leiria (dado que os restos de D. Fernando se encontram no Mosteiro da Batalha), com apoio da Conferência Episcopal Portuguesa e a colaboração da Ordem Dominicana, sempre associada ao seu culto na Batalha.No seu entender, a obra lançada nesse dia em Santarém, “Vida do Infante Santo”, de António Ribeiro Rebelo, seria um “primeiro passo, muito importante e talvez decisivo”, já que é imprescindível o lançamento de uma “boa biografia actualizada”.O arcebispo primaz recordou que na segunda metade do século XVI foi redigida uma biografia de D. Fernando em latim, mantida na biblioteca do Vaticano, sem autor assumido, um “valioso documento”, cuja edição crítica, da autoria de António Rebelo, sairá em breve, sendo “obrigatório ponto de partida para eventual retomada do processo”.Segundo disse à Lusa, o processo de beatificação e de canonização seria “um meio extraordinário de projectar” o Infante Santo, uma “figura nacional” motivo de “orgulho e de estímulo, numa época de crise de valores espirituais”.Para D. Eurico, quando uma figura histórica é apelidada pelo povo como Santo “é sinal de que há percepção, sentimento, de que se trata de uma pessoa invulgar e, na perspectiva cristã, de um herói do cristianismo”, correspondendo, no seu entender, D. Fernando à imagem de “cristão autêntico, assumido, que põe essa qualidade acima da própria vida”.O presidente da comissão organizadora do congresso, Sebastião Tavares de Pinho (Universidade de Coimbra), disse à Lusa que gostava de ver agarrado o repto lançado por D. Eurico, sublinhando que há muita coisa a mostrar, a revelar, de carácter histórico, à volta da figura de D. Fernando.Contudo, realçou que é preciso contrariar a ideia de que D. Fernando se resume a uma figura para “pôr na prateleira da santidade”, pois foi “um homem muito culto”. Segundo disse, o congresso que decorreu nos últimos dias em Santarém, com a apresentação de uma dúzia de conferências e mais de duas dezenas de comunicações, serviu para aprofundar estudos em várias áreas e de várias épocas.Nos trabalhos que decorreram na Sala dos Actos do Seminário de Santarém (erguido sobre o antigo Paço Real) desenvolveu-se a ambiência enquadradora de Quatrocentos e Quinhentos a nível do reino e da cidade de Santarém, estudaram-se as múltiplas facetas da dinastia de Avis e incidiu-se particularmente sobre aspectos da vida, religiosidade, cultura, morte, culto e memória do Infante D. Fernando”, sublinha o documento final.D. Fernando, o último descendente de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu em Santarém em 29 de Setembro de 1402 e morreu em 1443 em Fez, seis anos depois de ter sido feito prisioneiro, depois do desastre da tentativa da tomada de Tânger.Lusa

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