uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Descamisar o milho como antigamente

Associação de Marinhais insiste em recordar tradições

Recordar os usos, costumes e tradições de Marinhais é um dos objectivos da Associação para a Defesa do Património Cultural e Natural da Vila de Marinhais (AMAR). No passado sábado foi a vez de mostrar aos mais novos como se realizava a descamisada do milho há 40 anos. Tal como antigamente um grupo de homens e mulheres juntou-se e começou a descamisar. Separar a folha da maçaroca, além de um trabalho necessário, era muitas vezes uma forma de divertimento. É que perto do grupo de trabalhadores juntava-se um acordeonista que dava o mote para os cantares nocturnos.

A música e o canto não eram o único entretenimento. No meio de centenas de maçarocas apareciam por vezes algumas com cores diferentes. E aí havia uma tradição. Quem encontrasse uma maçaroca de cor vermelha tinha permissão para poder dar um beijo a uma pessoa do grupo.Carlos Montemor conta que era a única forma que as pessoas tinham para poder dar um beijo em público sem que lhes fosse apontado o dedo. Nalguns casos esta brincadeira chegava a dar em namoro, explicou o presidente da associação. Mas podiam também aparecer maçarocas de cor roxas. Nesse caso, o homem ou a mulher que as encontrassem, tinham permissão para beliscar um elemento do grupo.Hoje tudo se perdeu. Desde a preparação do terreno até à apanha é tudo feito por máquinas. Os grandes investimentos na agricultura resultaram em grandes explorações, e a cultura do milho é toda mecanizada. Por isso, é importante chamar os mais velhos para mostrar aos mais novos as tradições do passado.O largo das festas de Marinhais serviu também para relembrar como acontecia a contratação de pessoas para a debulha do milho. Normalmente tudo era principiado por um capataz que ia à praça contratar pessoas para trabalhar. Depois do acordo feito homens e mulheres saíam para o campo, ainda o sol não tinha nascido, e regressavam já depois do sol posto. O meio de transporte que utilizavam na altura era uma bicicleta equipada com um seirão (dois cestos) para o transporte do farnel. É que a estadia nos campos chegava a durar uma semana inteira, e era preciso levar consigo comida, bebida e outros objectos indispensáveis para quem estava vários dias fora de casa. Além da bicicleta equipada como antigamente, a AMAR resolveu colocar em exposição um mostruário com todos os produtos resultantes do milho: a broa tradicional, um colchão feito com camisas do milho, sacas de trigo, milho doce e farinha de milho. Finda esta iniciativa, a associação prepara-se agora para realizar, no próximo mês de Novembro, uma matança de porco como se fazia antigamente. Mário Gonçalves

Mais Notícias

    A carregar...