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A primeira vez do figo preto

Feira dos Frutos Secos a partir de amanhã em Torres Novas

Abre amanhã, dia 4 de Outubro, em Torres Novas, a XVIII Feira Nacional dos Frutos Secos e I Feira do Figo Preto. Tal como o ano passado, o certame realiza-se junto ao edifício do mercado, na Av. 8 de Julho, e prolonga-se até dia 12 de Outubro. A localização mais próxima do núcleo urbano é uma forma de devolver a feira à cidade. Os “Frutos Secos” é um dos mais populares e visitados certames de Torres Novas.

A maior inovação deste ano é a perda do título de feira internacional. Em contraponto surge a primeira Feira do Figo Preto de Torres Novas, produto tradicional da região que a Associação Nacional dos Produtores de Frutos Secos e Passados e o Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Rural (GADR), da Câmara Municipal de Torres Novas, pretendem que seja certificado com a denominação de origem.A alteração do nome prende-se fundamentalmente com a necessidade de promover o Figo Preto de Torres Novas. Por outro lado, a representação internacional não era muito significativa e tornava-se impraticável ter uma feira com três nomes.“Uma das condições para a certificação é a identificação do produto com a sua região de origem. O figo preto de Torres Novas tem de ser reconhecido como um produto desta região”, clarificou António Ferreira, responsável pelo Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Rural que, juntamente com Pedro Ferreira, vice-presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, e António Pinhão Nunes, da Associação Nacional dos Frutos Secos, fizeram a apresentação formal do certame.A feira tem um orçamento aproximado de 75 mil euros e este ano contará com a presença de mais bancas de produtores, prevendo-se a visita de 30 a 35 mil pessoas. “Esperamos um acréscimo de 10 por cento de visitantes”, referiu António Pinhão Nunes, adiantando que mesmo assim os custos da feira são superiores às receitas: “O pavilhão equivale a cerca de 80 por cento do valor das entradas”.Além dos produtores, o certame contará, como habitualmente, com a presença de expositores das entidades oficiais, da comunicação social da região e de empresas diversas, para além de stands de produtos alimentares e de artesanato. O programa de animação, que decorrerá durante todos os dias da feira, valoriza a música tradicional e regional.De referir que nesta feira haverá três tasquinhas que, segundo os organizadores, “cumprem inteiramente” as exigências legais em termos de higiene e segurança.Paralelamente à feira, decorre o concurso de montras, em que participam 32 estabelecimentos comerciais da cidade, e o concurso de doçaria. Será lançado um livro de culinária sobre as muitas formas de utilizar o figo em doces, compotas, ou bombons. Ontem, quarta-feira, terminou o prazo para a entrega das fotografias concorrentes ao concurso igualmente promovido pela organização do certame. As fotografias, em formato 10x15 cm, a cores ou a preto e branco, ficarão expostas no recinto da feira até dia 12. Novos mercados para o figo pretoA promoção do figo preto é uma das grandes apostas do GADR. A venda em fresco, ou congelado, a utilização em doçaria ou na produção de aguardente apresentam-se como alternativas a este produto característicos da região de Torres Novas.A plantação de figueiras nos terrenos de Torres Novas surgiu como uma alternativa à vinha destruída pela filoxera. Com o desencadear da II Guerra Mundial, o figo começou a ser utilizado na fabricação de álcool e constitui uma das principais fontes de rendimento da zona, quer para a produção de álcool e aguardente, quer para alimentação de gado como subproduto, quer ainda para a venda em passado, até aos anos 60 e 70 quando entrou declínio e, na altura, não foram encontradas alternativas de mercado.As propriedades do produto são bem conhecidas. Tem um elevado teor de açúcar, mas o tegumento, quando passado, é demasiado grosso e o aspecto exterior nem sempre é o mais apreciado. No entanto, em termos de paladar, é muito superior ao figo turco, por exemplo, que invadiu o mercado nacional.No entanto, para além das tradicionais aplicações do figo preto de Torres Novas, este produto pode ser utilizado no consumo em fresco ou em doçaria. “O consumo em fresco é uma alternativa viável, desde que haja produção suficiente para abastecer as cadeiras de comercialização”, continua António Ferreira.A Vegidata, empresa instalada na zona industrial de Riachos, seria uma fonte de escoamento deste produto. Segundo Pedro Ferreira, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Frutos Secos e Passados, enquanto vice-presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, a empresa sempre esteve disponível a receber o figo fresco: “Não tenho conhecimento de alguma entrega ter sido recusada, os produtores não tem entregue. Mas posso adiantar que uma outra empresa de doçaria e iogurtes deverá instalar-se na zona”. O autarca não quis adiantar mais pormenores sobre esta nova unidade industrial nacional, que poderá surgir como alternativa para a transformação de figo em doçaria.Outra das alternativas apresentadas é a congelação do produto fresco através de uma injecção de azoto líquido a 173 graus negativos.Margarida Trincão

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