A arte de montar aprende-se na escola
Crianças da Golegã têm aulas de equitação
Marco Boavista, agora com 11 anos, tem a paixão pelos cavalos. Aos cinco anos fugia para casa de uma vizinha para andar de cavalo. Quando entrou para a escola e os alunos começaram a poder aprender a montar, Marco ficou feliz. “Quando era pequeno”, diz ele, “só dava umas voltinhas, depois comecei a aprender e a ganhar esta paixão”.
Se forem cumpridos os seus desejos, vai continuar a lidar com cavalos toda a vida. “Quero ser equitador e aprender a montar cada vez melhor”, afirma sem dúvidas. Para já foi um dos cavaleiros que participou na prova equestre de abertura da feira deste ano. Montado num cavalo Sorraia, envergando um chapéu de copa baixa, com jaqueta, camisa e calças a condizer, Marco Boavista fez as suas habilidades perante os jornalistas e entidades oficiais.Também Bruno Riachos deixa o futebol e outros jogos de rapazes para ir para o picadeiro. Começou a andar a cavalo com 3 anos. A família tinha cavalos e ele foi treinando. Na escola do ensino básico continuou e, actualmente, não quer deixar os cavalos por nada: “Quero ser veterinário, ter uma quinta e montar os meus próprios cavalos”.O “Aprender a andar de cavalo na Golegã” está a cargo do professor Jorge Braz e do equitador Rui Durão que dão corpo à iniciativa camarária que também é parceira a ANTE-Associação Nacional de Turismo Equestre . São eles que, semanalmente, ensinam às crianças do concelho a arte de montar. “Eu sou o ajudante e como tenho mais paciência encarrego-me de lhes dar o volteio, depois passam para a sela”, conta Rui Durão.O equitador tem 27 anos e, tal como os dois alunos citados, os cavalos fazem parte da vida. “Não me vejo a fazer mais nada, quem trabalha com cavalos tem de gostar muito do que faz, não pode ser de outra maneira”. É que para além de montar com elegância, há muito trabalho que tem de ser feito: “Tem de aprender-se a tratar do cavalo, a saber quando o animal tem uma cólica, a saber aparelhar o cavalo e os nomes das peças que formam os arreios”. São todos esses ensinamentos que os alunos da Golegã recebem e quando montam pela primeira vez nota-se se foram talhados para grandes cavalarias. “Vê-se logo se tem jeito ou não e em dois anos e meio pode fazer-se um bom cavaleiro. Mas nunca se sabe tudo, aprende-se durante toda a vida e aprende-se muito nesta vida”.Rui Durão começou a andar a cavalo com 10 anos, tirou um curso de tratador desbastador na Chamusca, de onde é natural, e mais recentemente fez uma prova (P1) em Mouriscas: “Chama-se mesmo assim, é uma prova de ensino e de obstáculos que dá credibilidade para ser ajudante”.Os cavalos são enormes perante gente tão pequena como os alunos que agora dão os primeiros passos na arte, mas o medo não parece ser problema: “Como são muito pequenos, são um pouco inconscientes e não demonstram medo, mas nem todos serão bons cavaleiros”, reforça, recordando as 50 a 60 crianças que ensina semanalmente. Os alunos da Golegã têm aulas às quartas-feiras à tarde e os da Azinhaga às segundas, igualmente à tarde. Nesses dias, oito equídeos, entre eles a Rita, uma égua de 23 anos, já sabem que vão ter de ajudar crianças dos seis aos dez a aprenderem a tratá-los.
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