Os deputados do PS eleitos pelo círculo de Santarém acusam o actual Governo de ter votado o distrito ao abandono, apontando culpas, em particular, aos membros do executivo de Durão Barroso que foram eleitos deputados pelo PSD por esta região - como é o caso do ministro Morais Sarmento e do secretário de Estado Miguel Relvas.As críticas foram lançadas na sexta-feira na sede da distrital socialista, em Santarém, durante uma conferência de imprensa destinada a analisar as propostas do Plano de Invstimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) para o distrito referentes a 2004. Jorge Lacão, Nelson Baltazar e Luísa Portugal deram a voz pelo PS e o diagnóstico foi unânime, podendo condensar-se numa frase de Baltazar, logo no início do encontro com os jornalistas: “Há claramente uma desistência e um abandono do Governo relativamente ao distrito de Santarém”.Para além da frieza dos números, que desvenda um decréscimo de investimento público no distrito de cerca de 63 milhões de euros face ao previsto para 2003, os socialistas têm preocupações acrescidas por não verem contempladas no PIDDAC questões de enorme importância para a região, como a limpeza e consolidação das margens do Tejo ou o tratamento das barreiras e muralhas de Santarém.Por isso, mais do que apresentarem propostas avulsas de alteração ao plano, que obrigariam à deslocação de verbas de outros projectos, os deputados optaram por escrever directamente ao primeiro-ministro solicitando-lhe que o Orçamento de Estado para 2004 tenha em conta essas duas questões que estão no topo das preocupações e que merecem “resolução urgente”.Mas não se fica por aí o lastro para as críticas dos socialistas. O reduzido investimento na rede viária em 2003 e a ausência de projectos relevantes nesse capítulo para 2004 - de que destacam os impasses no IC 3 entre Atalaia e Tomar, no IC 9 entre Tomar e Alcobaça e no IC 10 entre Almeirim, Coruche e Montemor - levaram os deputados a confessarem a sua “preocupação” pelo atraso desses investimentos em pelo menos mais um ano.Do baralho de acusações saíram ainda trunfos como a ausência de verbas significativas para construção de esquadras e quartéis das forças da autoridade – há projectos com menções em PIDDAC desde os tempos da governação socialista – ou a reduzida execução financeira, em 2003, dos programas de apoio às empresas. O que leva a que a verba acabe por transitar para 2004.Por estas e outras, Nelson Baltazar não hesitou em apontar o dedo, em particular, aos membros do Governo que melhor conhecem as dificuldades da região. “Não tem havido dos membros do Governo eleitos por este distrito um mínimo de cuidado em olhar por ele. Este ano vai ser certamente um mau ano ao nível do desenvolvimento do distrito”.Ainda ao nível da economia, Jorge Lacão lembrou que nos tempos dos governos socialistas as duas sub-regiões (Lezíria e Médio Tejo) que completam o distrito eram das que mais cresciam em Portugal. “Hoje as coisas já não se passam assim”, diz o deputado, dando como indicador o decréscimo na taxa de criação de novas empresas.