Esgotos invadem garagens
Moradores do Casal da Galharda preocupados sempre que chove
Alguns moradores do Casal da Galharda, Entroncamento, já sabem que quando chove têm de desocupar as garagens porque as inundações são certas. Um erro de construção ao nível da rede de esgotos está na origem do problema.
Alguns moradores da rua Professor José Francisco Corujo, no Casal da Galharda, Entroncamento, vivem com o coração nas mãos sempre que se aproxima o Inverno. Quando chove com mais intensidade, mesmo que seja durante pouco tempo, o esgoto doméstico invade as suas garagens. O problema é antigo, mas tem piorado de ano para ano.Antes era água que inundava as garagens sempre que a pluviosidade era acima da média. Actualmente é toda a sorte de imundícies que lhes invade a propriedade, porque os esgotos domésticos refluem pelas grelhas. “E não são só os nossos esgotos, aqui vêm parar também os dos prédios vizinhos”, queixa-se Maria Fernanda d’Almeida, residente no 34 da referida rua. Numa manhã da passada semana, os habitantes deste prédio e os seus vizinhos recomeçaram a habitual tarefa de lavar e raspar os resíduos trazidos com a água chuva que chegaram a atingir 20 centímetros de altura dentro das garagens .Na génese do problema estará “um erro de construção”, segundo o vice-presidente da autarquia, Luís Boavida: “Não foram feitas caixas de separação para os esgotos pluviais e domésticos e sempre que chove com mais intensidade a capacidade de escoamento fica reduzida e os esgotos refluem”. Ou seja, em vez de irem por água abaixo voltam para trás.A solução passa pela construção de caixas de separação e pela instalação de nova canalização dos esgotos domésticos do prédio ao nível do rés-do-chão: “A câmara responsabiliza-se pelas obras na via pública, tal como fez com outros prédios nessa rua, mas os moradores terão de contribuir com a aquisição de uma bomba que será colocada no interior do edifício”, diz o vice-presidente.No entanto a proposta não agrada aos proprietários das oito fracções do imóvel. “Se é um erro de construção, não podemos ser penalizados por isso”, argumenta Maria Fernanda d’Almeida, porta-voz dos moradores que, em Janeiro próximo, passará a administradora do prédio. Em seu entender, é a câmara que deve arcar com os custos: “Os moradores deste prédio não estão dispostos a gastar dinheiro com uma coisa que não é da nossa responsabilidade, quem licenciou a obra devia ter verificado como estavam construídos os esgotos”.Para Luís Boavida, a situação não é assim tão clara. “A maneira mais fácil era chegarmos a um entendimento como aconteceu com outros prédios na mesma rua, onde a situação foi resolvida desta forma. Se não for assim, o assunto terá de ser analisado pelos serviços jurídicos e para mim não é claro porque não sei quais as exigências que a lei impunha na altura”. A câmara propõe-se ainda a disponibilizar técnicos e fornecer os projectos necessários para a instalação da bomba.“Na câmara disseram que eram os nossos esgotos que inundavam as nossas garagens, mas não é verdade. Vêm aqui ter os esgotos da rua inteira e a prova é que nos aparecem aqui restos de bagulho de uvas e no prédio não há ninguém a fazer vinho”, afirma Maria Fernanda d’Almeida, reforçando a opinião de que deverá ser a câmara a custear toda a obra. Diz também que este “erro de construção” tem causado muito mais gastos aos condomínios, para além de quase inutilizar as garagens: “As garagens não servem só para guardar os carros, são também arrecadações e não podemos guardar lá nada, mesmo as bicicletas das crianças têm de ficar suspensas no tecto. E ainda querem que nós paguemos a bomba?”, questiona a futura administradora.
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