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Meio século de arte literária

Escritor Júlio Graça recebe distinção nacional
O escritor Júlio Graça foi agraciado com a medalha de mérito cultural atribuída pelo Governo português “como reconhecimento pelo inestimável trabalho de uma vida dedicada à causa da literatura e da cultura portuguesa”. A homenagem ao escritor, integrada nas comemorações dos 800 anos do Foral de Alhandra, decorreu no sábado à tarde, 8 de Novembro, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. O espaço revelou-se pequeno para acolher cerca de duas centenas de amigos e admiradores. “Agradeço a todas esta festa no fim duma vida”, disse comovido o escritor.Vestido com um fato azul escuro e uma gravata em tons de vermelho, Júlio Graça apresentou-se com uma energia invulgar quando se tem 80 anos.Mas um homem não é de ferro e o escritor, natural de Vila Franca de Xira, comoveu-se quando foi chamado para receber a medalha. Quis o destino que a representante do ministério da Cultura fosse uma alhandrense, Isilda Fernandes. Alhandra foi a terra que adoptou Júlio Graça aos três meses de idade e foi na vila toureira que “mergulhou no Tejo” e deixou as suas marcas de cidadania como escritor, desportista e dirigente associativo.O presidente da Junta de Freguesia de Alhandra, Jorge Ferreira considerou-o “uma honorável figura” antes de lhe entregar um livro em cristal.A presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira falou de um lutador pela liberdade, pela democracia e pela cultura e considerou que Júlio Graça é um motivo de orgulho do município. Maria da Luz Rosinha lembrou que o escritor recebeu a medalha de honra do município em 1999 por ocasião dos 25 anos do 25 de Abril. A autarca recordou que o escritor foi director do Museu do Neo- Realismo e é o actual director da Casa Museu Sousa Martins em Alhandra. “Júlio Graça tem servido de forma dedicada e competente a cultura do concelho”, disse. A presença dos amigos (Urbano Tavares Rodrigues, Orlando Costa, José Jorge Letria e muitos outros) motivou um discurso simples onde o homenageado percorreu os seus 50 anos de vida literária.Júlio Graça foi influenciado por uma padre que foi seu professor no liceu quando estudou na mesma sala de José Saramago. O pároco gostou da forma como desenhou as palavras e incentivou-o a escrever. Com o receio próprio de um rapaz que cresceu numa vila humilde e operária, motivado pelas referências de Alves Redol e Soeiro Pereira Gomes, Júlio Graça conquistou aos poucos a auto-confiança necessária. Só em 1952 é que surgiu o seu primeiro livro, curiosamente uma colecção de poemas a que deu o nome de “Lezíria”. Foi desta obra e dos livros “Banquete dos Deserdados” e “Búzio no Ouvido” que o trio de amigos (Dulce Domingos, Miguel Falcão e Joaquim Nascimento) retirou alguns dos poemas com que encantou a plateia num momento único de evocação da obra poética de Júlio Graça. O escritor que considera a literatura uma arte, tem mais de uma dúzia de obras literárias publicadas. A última chama-se “Crónica da Libertação da Etiópia” e foi considerada por José Jorge Letria um romance histórico. “Um fresco narrativo capaz de prender o leitor até à última página”, disse na carta aberta que dirigiu ao autor.

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