uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Exemplar Serafim das Neves!

Jesus Cristo foi um bebé prematuro. Nasceu de sete meses, ou pouco mais. A descoberta foi feita pelos comerciantes portugueses e já está a ser devidamente assinalada. Com música, luzinhas a piscar, Pais Natais em cada esquina. É Natal, Serafim. É Natal e estamos em Novembro. E já era Natal em Outubro que eu bem ouvi os gingóbeis a tocar por todos os centro comerciais e hiper-mercados por onde andei. É mais um suave milagre, à falta de outros milagres mais rijos. Vivó comércio. Vivá iniciativa. E não te admires que a 25 de Dezembro as montras estejam repletas de máscaras e serpentinas para o Carnaval. O pessoal da moda apresenta no Outono as colecções para o Verão seguinte. Agora o comércio adoptou a mesma táctica. E outros sectores irão fazer o mesmo. É sempre a acelerar. É sempre a inventar estratégias para nos fazer gastar dinheiro. Só falta que os sindicatos reivindiquem o pagamento do 13º mês em Setembro, ou mesmo em Agosto. Era bestial!Com o Natal vieram as primeiras cheias e enxurradas. Belas prendas que teve o pessoal de Alverca, Samora Correia e Chamusca. Atascado em água e lama até à cintura por causa da merda que foi sendo feita em termos de planeamento urbanístico. É um fartote. Só espero que não apareça agora nenhum ministro a dizer que os Bombeiros não sabem retirar pessoas e carros do meio da correnteza . Cum escafandro, Serafim! Este Portugal não pára de meter água. E aqui para as nossas bandas ainda é pior. Por causa do Tejo, do Alviela, do Sorraia, do Almonda.Será que não se podiam tapar estes rios com placas de cimento como se fez no Entroncamento com a ribeira de Santa Catarina? Enchê-los de entulho de obras, por exemplo? É que sempre se aproveitavam uns milhares de metros quadrados para construção. Era o reanimar da economia! O ressuscitar do sector! Se já se constrói em leito de cheia um pouco por todo o lado, porque não institucionalizar a coisa. E afinal para que servem os rios senão para lançar todas a porcarias que não queremos ver à frente? Se estivessem tapados já ninguém podia reclamar da poluição. Acabavam-se os ambientalistas em menos de um fósforo. Acabavam-se as confusões. Acabavam-se os pescadores para grande felicidade das esposas abandonadas nas tardes de domingo. Era a técnica de varrer para debaixo do tapete na plenitude. No meio da consternação que estes momentos motivam lá apareceu alguém a animar a malta. No caso a presidenta da câmara municipal de Vila Franca de Xira. A dona Rosinha atirou-se aos elementos. Desfiou o rosário da fatalidade. Do fado. Do fado do destino ou não tivesse Alverca duas escolas de fado. “Quando os elementos se juntam desta forma negativa não há nada a fazer”, disse ela. Nem o Fernando Pessoa foi capaz de dar em tão curto verso a dimensão de um país. Eu proponho um prémio literário para a senhora. Já cá faltava a cantiguinha da desgraça. Aquilo vai dar letra de fazer chorar pedras da calçada. “Estamos perante uma situação (...)/ para a qual não há (...) prevenção”. Aí fadista!!!Ainda não fui ao shópingue de Santarém mas calculo o alvoroço. Aquilo sim, vai reanimar a vida citadina. Em vez de andarem a construir bibliotecas, galerias municipais, Museus, Casas dos brasis e outras inutilidades, os autarcas deveriam pôr os ólhinhos ali. Dúzia e meia de lojas, uma dezena de restaurantes, um super-mercado e está feita a alegria do povo. Quem vai passear para os jardins se tem o Shópingue? Quem vai à biblioteca se pode andar a ver montras? Quem fica em casa a ver televisão se pode ir refrescar as vistas por aqueles lados? Façam shópingues e deixem-se de merdas, poderia bem ser a palavra de ordem dos eleitores.Um õh, ôh, ôh, nataliciamente prematuro doManuel Serra d’Aire

Mais Notícias

    A carregar...