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Notícias frescas no quiosque

Alexandrina Matias vende jornais e revistas no Cartaxo

Alexandrina Matias passa os dias debaixo do toldo verde do Quiosque Moderno. A informação é o seu negócio. Do escaparate montado junto à igreja do Cartaxo saem jornais, revistas, tabaco e todo o tipo de brindes. Cada cliente leva o seu jornal. As revistas cor-de-rosa para as senhoras e os jornais desportivos para os homens são os que mais vendem.

Um homem pára o carro por alguns segundos em frente ao Quiosque Moderno, junto à Igreja do Cartaxo, e sem desligar o motor troca uma moeda por um jornal desportivo. Do lado de dentro do quiosque, Alexandrina da Conceição Guedes Matias, 39 anos, só tem que carregar na tecla da caixa registadora. É assim o dia a dia da vendedora de notícias frescas em papel de jornal.As publicações desportivas e as revistas de automóveis são as mais procuradas pelos homens. Alexandrina Matias já conhece bem o gosto dos seus clientes e tem as áreas bem delimitadas. No escaparate mais à mão estão as revistas cor-de-rosa, cadernos de culinária e bordados que fazem as delícias das donas de casa. “A fofoca é o que mais vende”, atesta a comerciante.As revistas de informática e jogos são procuradas sobretudo pela classe mais jovem que prefere folhear os manuais coloridos de navegação às folhas de jornal que enegrecem as palmas das mãos. As prateleiras do quiosque ostentam também os jornais regionais e as publicações destinadas aos imigrantes da Europa de Leste, como é o caso de três periódicos escritos em russo. As revistas de decoração, negócios, saúde, viagens, vinhos e banda desenhada espalham-se na montra improvisada.O sábado e o domingo são os dias mais fortes do Quiosque do Largo de São João. É raro o diário ou semanário que não tem suplemento ou revista e cabe a Alexandrina Matias colocar os respectivos cadernos no interior das publicações.O trabalho com o grande semanário nacional que é vendido em saco de plástico começa à sexta-feira. Alexandrina começa por distribuir o caderno imobiliário e os dossiers temáticos. No sábado a partir das 7h00 começa o contra-relógio para conseguir ordenar correctamente todos os cadernos de jornal e passá-lo para a mão do cliente num pacote bem acondicionado de informação.Durante um dia de trabalho chega a vender jornais a mais de 200 pessoas. Mas cada cliente é um caso e só pelo tipo de jornal que compra Alexandrina Matias consegue dizer a que classe social pertence.“O público mais culto procura um jornal de referência, enquanto que alguns reformados compram o jornal mais popular, talvez também por ser mais barato. Os professores procuram sobretudo as colecções de livros”, descreve a vendedora.A segunda e a terça-feira são os dias mais descansados. Só à quarta-feira começa o martírio das devoluções. Para Alexandrina Matias trata-se da pior parte do trabalho. Para não haver enganos com as duas distribuidoras na entrega dos exemplares à procedência é preciso ordenar correctamente as publicações por temáticas: automóveis e motos, culinária e diversas outras publicações.No quiosque não se vendem só jornais. Há quem procure tabaco, filmes de vídeo, raspadinhas, brindes, rebuçados, cartões telefónicos e outras miudezas, como incenso e porta chaves. “Às vezes perguntam se tiro fotocópias”, diz com humor.No interior do apertado ponto de venda de jornais Alexandrina Matias guarda os exemplares que sobram e ainda tem espaço para uma máquina registadora e um telefone que lhe permite contactar com o marido, que trabalha a alguns metros de distância, no Quiosque do Jardim, frente à câmara municipal. O casal vive no Cartaxo há cerca de três anos e comprou os dois quiosques da cidade. A profissão não é muito rentável porque o vendedor fica apenas com uma pequena percentagem do preço de capa de cada exemplar vendido.Alexandrina Matias, natural da Beira Alta, está há alguns meses à frente do quiosque, mas não pretende vender jornais e revistas toda a sua vida. “Este trabalho é como uma prisão. Não temos feriados nem fins de semana”, desabafa. As notícias vendem-se todos os dias e nunca se pode fazer gazeta. Trabalha de segunda a domingo todas as tardes entre as 13h00 e as 18h30. A manhã fica reservada para o trabalho doméstico.Para conseguir ir à casa de banho, que não existe no quiosque, tem que revezar-se com a funcionária que a substitui na venda dos jornais durante a manhã. Alexandrina Matias nunca deu por falta de qualquer exemplar, apesar dos jornais e revistas estarem expostos à mão de semear. A informação parece não interessar aos amigos do alheio que tanta tinta fazem correr nas páginas do papel jornal.Ana Santiago

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