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Vivido Manuel Serra D’Aire

Vivido Manuel Serra D’Aire

Tal como tu, sobrevivi às toneladas de e-mails desejando boas festas e às resmas de mensagens que dão lucros ainda mais gordos às operadoras de redes de telemóveis nestas épocas festivas. Mas se não morri, a verdade é que fiquei doido com o rombo que a carteira levou por causa das prendas que a minha Elvira desatou a comprar para tudo o que mexia num raio de 50 quilómetros. A compaixão que a criatura dedica aos comerciantes - sejam do comércio tradicional sejam das grandes superfícies – merecia uma tese de psicanálise, ou pelo menos uma entrevista no Cabaré da Coxa.E se fiquei doido com a devassa a que foram sujeitas as minhas contas bancárias, acabei amarelo devido ao ataque cirúrgico à vesícula protagonizado pelos fritos, chocolates, tintóis e artilharia similar. Um autêntico cocktail molotov, ou lá raio como é que isso se chama, capaz de levar à capitulação uma manada de elefantes, ou o contingente da GNR no Iraque.Há quem diga que o Natal devia ser todos os dias. Pois, para mim, dois dias chegam e sobram! Já viste o que seria ter de levar com a confusão nas ruas e nas lojas todos os dias? Ou com a música tradicional vira o disco e toca o mesmo que um tipo tem de gramar nas ruas, mais omnipresente que a merda de cão nos passeios? E a tortura que seria ter de afivelar o melhor sorriso para não mandar à merda os hipócritas que nos chateiam a cabeça o ano todo e que no Natal nos vêm com mensagens de paz e amor?Além disso, como lagarto assumido, não posso dedicar a esta quadra especial admiração. É célebre a onda de gozo que varre a nação benfiquista por esta altura, quando a nossa equipa de futebol tradicionalmente começa a descambar e a dizer adeus ao campeonato. Felizmente Deus é grande e nos últimos anos começou a dar-lhes do mesmo tratamento para gáudio dos portugueses que sobram depois de subtraídos os muitos milhões de adeptos da águia, obviamente contados pelos próprios.Mas deixemo-nos de tristezas e avancemos para motivos mais alegres. Entramos num novo ano e não deixa de ser gratificante saber que vamos ter, finalmente, o terceiro congresso do Ribatejo. Ninguém ainda sabe para que serve, o que vai debater, nem em que moldes vai realizar-se. Mas isso não parece interessar muito. Afinal de contas em Torres Novas também há uma casa memorial do General Humberto Delgado que de memórias do militar sem medo pouco ou nada tem a dizer-nos. Um congresso sem assunto ou um museu sem espólio são apenas algumas das originalidades que marcam esta região, onde quase ninguém se importou por o TGV ir passar ao lado - lá para o século XXII, presumo – ou por o aeroporto da Ota ter desaparecido de rota com essa opção. E a verdade é que se no último congresso do Ribatejo, há mais de cinquenta anos, ainda o doutor Jorge Lacão não era nascido, já se aprovaram moções defendendo a navegabilidade do Tejo entre Abrantes e Lisboa e nada aconteceu, porque é que agora se havia de voltar à carga? Nesse campo a organização esteve bem. Gastar parlapié com assuntos que depois não dão em nada é um desperdício do caraças. Organizem-se umas jantaradas e uns espectáculos de folclore que a malta agradece e está o congresso feito!Votos de bom anoSerafim das Neves
Vivido Manuel Serra D’Aire

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