A associação ambientalista Quercus elegeu a revisão da Reserva Ecológica Nacional e o aumento da queima de lixo como algumas das principais ameaças ao ambiente no próximo ano em Portugal. Os ambientalistas temem que a intenção do Governo de autorizar algumas construções em reserva ecológica nacional (REN) possa abrir a porta a interesses imobiliários.O Ministério do Ambiente pretende dividir esta figura de ordenamento do território em duas: uma zona onde nada se possa edificar e outra onde sejam permitidas pequenas construções com interesse público. “A revisão da Reserva Ecológica Nacional para permitir ainda mais construção faz surgir grandes preocupações ambientais para o próximo ano”, sublinharam os responsáveis da Quercus, em comunicado enviado à agência Lusa.Os ambientalistas receiam ainda a intenção do Governo e de algumas autarquias de apoiar a construção de unidades de queima de resíduos sólidos urbanos na zona centro do país e na ilha de São Miguel, Açores. “O aumento da capacidade de incineração em Portugal compromete ainda mais as metas de reciclagem e é uma via ambiental e economicamente insustentável”, comentam os ambientalistas.A falta de dinheiro para a área do ambiente, a degradação do litoral e a construção da barragem no Baixo Sabor (Trás-os-Montes) são outras das “cinco maiores ameaças ambientais para 2004” eleitas pela Quercus.Como os piores factos ambientais deste ano, que termina dentro de dois dias, os ambientalistas destacaram os incêndios florestais do Verão, a má qualidade das águas fluviais, a falta de meios de combate à poluição marítima, as dificuldades na conservação da natureza e o aumento das emissões poluentes responsáveis pelo sobreaquecimento global.De positivo em 2003 é salientado o abandono da queima de lixo perigoso, a reestruturação do sector florestal, os mecanismos de informação ao público sobre qualidade do ar e a decisão de chumbar o projecto imobiliário “Marina da Barra” (previsto para a zona de protecção especial da ria de Aveiro).Lusa