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Um presidente que não gosta de estar parado

Joaquim Semeano, presidente da junta de freguesia da Barrosa, é motorista, cicloturista e treinador de futebol

Joaquim Semeano não teve problemas para ser eleito. O motorista, proprietário de uma micro empresa de transporte de encomendas, liderou a única lista candidata às últimas eleições autárquicas em 2001. “Os outros não concorreram porque não quiseram”, diz.

O autarca foi eleito pela CDU na condição de independente e ainda não sentiu a falta da oposição. Aos 55 anos, e com dois filhos maiores, Joaquim Semeano não tem tempo livre para a família porque quando acaba o trabalho tem a junta e as colectividades à sua espera. “De vez em quando levo uns puxões de orelhas lá em casa, mas isto está no meu sangue”, confessa. O motorista passa o dia ao volante, confessa que a condução é um prazer porque não gosta de estar muito tempo no mesmo sítio e recorda os cinco anos em que andou no longo curso a conduzir um camião que fazia as ligações entre Portugal e a Alemanha. Ao fim de semana arruma a carrinha, mas não deixa de conduzir. Pega na bicicleta e passeia pela região com um grupo de amigos que integram a secção de coicloturismo da Associação Livre dos Trabalhadores da Barrosa. Nos convívios gosta de cantar o fado e não se inibe de participar nos karaokes organizados pelos jovens. Confessa que não gosta de ler, a não ser os jornais desportivos e da região, e na televisão opta por seleccionar os noticiários para estar informado. Joaquim Semeano tem a quarta classe, trabalhou no campo e recorda que um dia, ainda criança, agarrou uma oportunidade para trabalhar em Lisboa. Um mundo muito grande para uma criança da Barrosa. O rapaz foi viver para casa de uma velhota natural da sua terra que ajudou nos seus cuidados diários. Mas não se deu com os ares da cidade e meses depois regressou a casa dos pais para trabalhar na oficina Branco e Carvalho em Benavente. Foi lá que aprendeu o ofício de soldador. Anos depois apareceu uma proposta tentadora e saiu para trabalhar na Construção da Central Termoeléctrica do Carregado onde ganhou mais 230 escudos por dia. A obra acabou e foi chamado para a tropa. Cumpriu o serviço militar em Timor e confessa que gostou muito porque lá não havia guerra. “Eu tenho muito medo da guerra. Se tenho sido mobilizado para o Ultramar tinha fugido”, diz “Tenho muito medo da morte”, acrescenta. Joaquim Semeano é sportinguista e comprou o bilhete para o Benfica-Sporting do dia 4 de Janeiro com 15 dias de antecedência. Diz que foi um dos melhores jogadores do Barrosense e é o actual treinador dos iniciados do clube “para manter as crianças a praticar desporto”. Foi caçador, mas gosta de animais e por isso é criador de porcos, perús, patos, galinhas e outras espécies numa propriedade que mais parece um mini jardim zoológico. O presidente faz questão de sublinhar que não são os 240 euros (48 contos) que recebe por mês na junta que o prendem. “A verba não chega para o gasóleo e outras despesas e se não ganhasse nada teria aceite na mesma”, conclui.

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