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A mania das colecções

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Luís Esparteiro, militar na reserva que junta tudo
“Nasci para os lados do Altinho e sempre fui bom rapazinho”, diz Luís Augusto Esparteiro, um entroncamentense de 71 anos, que à excepção dos anos em que esteve mobilizado em Angola e Moçambique sempre viveu no Entroncamento.Quem o quiser conhecer basta passar pelo café SCAF pelas duas da tarde ou pela sede da junta de freguesia. Mas não é pela rotina diária que Luís Esparteiro é conhecido. Este militar na reserva, que esteve ao serviço do exército português durante 42 anos, é um coleccionador nato. Colecciona de pedras a chávenas de café, passando por armas antigas, calendários, fotografias, documentos, artigos de jornais e até animais selvagens que caçou durante as comissões em África. “Nem sei como isto começou, foi juntando coisas”, diz. A história do Entroncamento é um dos seus principais motivos de interesse. Toda a publicação que fale da sua cidade é por ele guardada.“A Mula da Cooperativa que Max cantava nasceu no SCAF”, afirma mostrando um recorte de jornal que noticiava o assunto. E a história é simples: um dia o popular cantor madeirense passou pelo Entroncamento, estava a “beber um copo” no SCAF, então Cooperativa, e havia lá uma mula que desatou aos pinotes quando o dono a soltou. “Foi assim que nasceu a mula da cooperativa, pode ter a certeza”, reafirma Esparteiro.Mas há mais. Segundo o coleccionador, o fim das invasões franceses foi provocado pela acção de um tal Madrugo, dono da Quinta das Baguinhas. “Os franceses tinham morto mais de duzentas pessoas da Atalaia até perto do Entroncamento, que não se chamava assim na altura. E esse Madrugo ficou tão revoltado que, com uns amigos, decidiu fazer uma espera aos franceses. Foi de tal forma que conseguiram matar a tropa toda e portugueses só morreram dois. Os franceses pensaram que tinham sido soldados e desandaram”.Luís Esparteiro, órfão de pai desde o ano de idade, ajudava a mãe acartando água dos fontanários para as habitações. “No largo do antigo mercado havia um chafariz muito bonito e eu lá ia com o cântaro”, recorda. Mais tarde, ofereceram-lhe trabalho numa loja na Golegã e lá ficou até chegar à altura de cumprir o serviço militar.“Assentei praça na Escola Prática de Cavalaria, em Torres Novas, e um capitão muito meu amigo convenceu-me a ficar na tropa. Fui militar durante 42 anos”, conta.Os anos foram passando, mas o interesse pelas colecções continua. “Tenho tudo, a história de todos os reis de Portugal, de todos os presidentes da República, dos presidentes de junta e de Câmara do Entroncamento. Eu sei lá! São estas caixas e dossiês cheios de fotografias e papéis…”, diz mostrando pilhas de documentos guardados em armários na sua garagem transformada em museu. Para o carro já não há espaço.
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