“Crónicas Militares e Políticas da II Guerra Mundial”, de Humberto Delgado, foi lançado no Museu Agrícola de Riachos, no passado sábado, dia 28, evocando os 39 anos do assassinato do general.O livro é o resultado de um conjunto de crónicas do General Sem Medo, publicadas nos jornais nacionais da época. A compilação e organização dos textos, prefácio e notas são da responsabilidade de Iva Delgado, filha do general, presente no lançamento.“Tem sido uma combatente indomável ao debater-se diariamente com a tentativa de branqueamento do que se passou com Humberto Delgado”, afirmou Carlos Trincão Marques, director da Associação Casa Memorial Humberto Delgado.O general nasceu em Boquilobo, Torres Novas, em 1906 e foi assassinado em Villanueva del Fresno (Espanha) em 13 de Fevereiro de 1965. Em1990 foi promovido, a título póstumo, a marechal da Força Aérea e os seus restos mortais trasladados para o Panteão Nacional. Opôs-se a Salazar concorrendo à presidência da República em 1958 contra o candidato proposto pelo regime, Américo Tomás.O processo judicial contra os agentes da PIDE implicados no assassinato de Humberto Delgado e da sua secretária, só foi possível após o 25 de Abril de 1974, concluindo com sentença condenatória do Tribunal Militar em 1981, embora nenhum dos réus tenha cumprido pena. A brigada da PIDE foi comandada por Rosa Casaco.“Neste livro”, diz Iva Delgado, “nota-se um progressivo afastamento do salazarismo. No início há como que um embasbacamento pelo exército alemão que vai diminuindo. Não nos podemos esquecer que Humberto Delgado, contra a vontade de Salazar, foi um dos negociadores da base das Lajes para apoio às tropas aliadas”.A apresentação do livro esteve a cargo de Dulce Matos, professora universitária e amiga da família. “Humberto Delgado é um cronista que cativa o leitor desde do primeiro momento, utilizando um tom coloquial na boa tradição da literatura portuguesa”, opinou.O lançamento do livro ocorreu no Museu Agrícola, onde também está patente uma exposição sobre o general Humberto Delgado, por falta de condições da Casa Memorial em Boquilobo.