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Relações desafinadas

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Organização do Festival Internacional de Música de Tomar abdica de apoio do município
Pela primeira vez em 16 anos de existência o Festival Internacional de Música de Tomar não tem apoio do município e passa a integrar o Festival Internacional de Música do Ribatejo. O professor José Soares virou as costas à câmara nabantina.“Castradora, dirigista e arrogante” são as palavras escolhidas pelo professor José Soares para classificar a atitude que a Câmara Municipal de Tomar tem tido para com o Festival Internacional de Música da cidade que, pela primeira vez em 16 anos, deixa de ter o apoio da autarquia e vai ser englobado no Festival Internacional de Música do Ribatejo. A decisão foi tomada em Outubro passado, na mesma altura em que os promotores do evento tomarense optaram por não candidatar o festival a qualquer subsídio camarário. “Não precisamos de nos ajoelhar perante a autarquia para continuarmos a organizar o festival”, diz José Soares, referindo-se ao facto de, nos últimos anos, a câmara tentar ela própria definir a política do festival.A par desta situação, declara a mesma fonte, o município também tem vindo, de ano para ano, a diminuir o montante de apoio financeiro à organização do evento, com o intuito de o “penalizar” e “estrangular”.José Soares refere ainda que tem havido uma filosofia incorrecta por parte dos serviços de animação e cultura do município, que não têm sabido fazer a divulgação do festival. E dá até um exemplo que considera elucidativo: “No ano passado os pianistas António Rosário e Artur Pisarro, uma referência portuguesa em Londres, deram um concerto no âmbito do festival. A câmara anunciou-o como um concerto a quatro mãos como se o mais importante fosse a quantas mãos era e não os protagonistas em si”. É que, como diz José Soares, “autarcas há muitos, pianistas deste calibre há poucos”.Mesmo sem o apoio do município, a XVI edição do Festival Internacional de Tomar vai realizar-se entre Junho e Julho próximo, com a Quinta da Anunciada Velha e o Convento de Cristo a servirem de palco. De fora ficam desta vez a Igreja de Santa Maria dos Olivais e o próprio Cine-Teatro Paraíso, propriedade do município. “A câmara pode dar pouca importância ao festival mas felizmente há sempre outros espaços prontos a recebê-lo”.A programação do evento ainda não está completamente definida, havendo no entanto a confirmação de alguns concertos a efectuar pela Orquestra e Coro da Gulbenkian. Também a Orquestra de Câmara Pedro Álvares Cabral estará presente, apresentando mesmo uma obra que será estreia absoluta mundial e para a qual o ministro da Cultura, Pedro Roseta, já está convidado.Trata-se de uma obra de Eurico Carrapatos, inspirada num poema de Rui Belo, denominada Nove Vocalizes para Catarina e Arcos. O concerto terá gravação ao vivo, que será depois editado em CD pela Sinfonia de Câmara de Fhoftakovich.O MIRANTE contactou o presidente da Câmara de Tomar para obter um comentário a esta situação mas a resposta de António Paiva foi curta e seca – “Há promotores que concordam com a política da câmara e outros que não concordam. Cada um é livre de ter a opinião que entender”.Margarida Cabeleira
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