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Tradição de mal-dizer voltou a cumprir-se

Tradição de mal-dizer voltou a cumprir-se

Enterro do galo na Chamusca
Quarta-feira de cinzas. Na sede da União Desportiva da Chamusca, apinhada de gente jovem, cumpriu-se a tradição do enterro do galo. À meia-noite iniciou-se a função e soltaram-se os versos de escárnio e mal-dizer. Os acontecimentos de um ano de vida na vila contados quadra a quadra, com o esperado e ansiado tempero de piri-piri. Um testamento generoso que faz questão de pôr as orelhas a arder a qualquer herdeiro. E de heranças assim são poucos os que livram. A oficiar está o padre, acolitado pelo sacristão. O galo assiste. A viú-va e as carpideiras riem mais do que choram. Na assistência a galhofa é geral. Todos tentam adivinhar o nome dos visados pelas quadras. Em alguns casos não é fácil e há mesmo quem receba como herança do malfadado galo versos que pertencem a outros. A trapalhice habitual de brincadeiras trapalhonas. No carnaval ninguém leva a mal, é o lema. E quem não quiser andar nas bocas do mundo, nem figurar no testamento do galo é melhor que se porte bem. Ou que se esconda bem quando calhar de se portal mal, o que parece difícil. É que os olhos do povo vêem bem mais que os binóculos de visão nocturna dos marines americanos. E quando não vêem... inventam!Aqui fica uma pequena amostra do testamento do galo ChamusquenseUma mulher pode valer um carroUm avião ou uma caravelaMas nenhuma valerá Que um homem se atire da janelaSe ele ali não moraE a casa é habitadaPorque entrará à noiteE só sai de madrugada?Foram as damas para EspanhaPensando que iam muito belasMais pareciam umas peruasAtadas pelas canelasDeixaste a senhora doutoraO caso está mesmo beraAinda ontem a vi passarCom o outro na aceleraHá um café no BairroO da gerência MachadoQue de manhã não abre E à tarde está fechadoFoi uma grande notíciaDe repercussão nacionalO gajo cortou a pichaSó para aparecer no jornalO homem da papelariaEstá sempre a mudar de empregadaQue grande rebaldariaNenhuma está sossegadaA menina descaradaQue gosta muito de amorVai à noite pela caladaVer as laranjeiras em florAndavas de mini-saiaToda muito aperaltadaFoste p‘ró pé do dijeiMostrar o cu à rapaziadaMas que grande agitaçãoQue houve no OuteiroEle não tinha tesãoE ela cheia de formigueiroAquele telemóvel não páraSão mensagens a toda a horaE o marido coitadoA chorar p’la noite foraO director lisboetaGosta muito de falarMas nunca está presenteQuando é p’ra trabalharAo grupo dos dadoresPrometeste um almoçoAfinal esqueceste-te?Ou faltou-te o caroço?Mas que grande rebaldariaVai naquele corredorÉ apalpão atrás de apalpãoE quem sabe é o doutorP’ró ano cá os esperamosÀ mesma hora neste oratórioPortem-se bem se puderemP’ra não servirem de falatório
Tradição de mal-dizer voltou a cumprir-se

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