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A lenda que deu nome à terra

A lenda que deu nome à terra

Diz a lenda que um feitor da Rainha Santa Isabel, Guilherme de Pavia, andava um dia numa caçada pelas terras que administrava quando começou a ouvir uns gemidos insistentes, idênticos ao choro de uma pessoa. Incomodado com os gemidos, Guilherme de Pavia pediu ajuda a quem o acompanhava para tentar descobrir de onde vinham. Depois de vasculhar a Serra Vermelha de uma ponta à outra durante vários dias mas nada encontrar, o feitor decidiu ir a Coimbra contar o sucedido à Rainha Santa. Mas a Rainha já sabia ao que Guilherme de Pavia ia e, mesmo antes de ele lhe justificar a viagem, falou-lhe de um sonho que a perseguia há algum tempo, de alguém a chorar na Serra Vermelha. Santa Isabel sabia até o exacto local de onde provinha o choro, indicando o caminho ao seu feitor. As instruções da Rainha levaram Guilherme de Pavia ao encontro de uma imagem da Virgem Maria, chorosa, com o filho nos braços. Santa Isabel deslocou-se às suas terras para admirar a descoberta e erguer uma capela junto à torre pentagonal existente no local a que decidiu dar o nome de Vila das Dores, nome que mais tarde evoluiu para Dornes. A notícia de que tinha sido encontrada uma imagem da Virgem e que a tinham colocado na capela de Dornes propagou-se de terra em terra, com as gentes das aldeias vizinhas a deslocarem-se em romarias para rezar e pedir ajuda a Nossa Senhora do Pranto. Hoje, a imagem, exposta junto ao altar mor da igreja, continua a ser visitada por centenas de turistas, com a pequena capela situada no ponto mais alto de Dornes a virar santuário. Todos os domingos o santuário de Nossa Senhora do Pranto enche-se de fiéis para assistirem à missa e olhar de perto a Virgem com o seu filho no regaço. A par do turismo religioso, que muito tem contribuído para o desenvolvimento da aldeia, Dornes foi recentemente descoberta por outro tipo de turistas. Grupos de hippies à moda dos anos 60, de “roupa estranha e cabelos desalinhados”, têm aparecido na aldeia, não por acreditarem nos milagres de Nossa Senhora do Pranto mas por considerarem que a terra “tem muitas energias positivas”. Vêm geralmente no Verão mas não dormitam em Dornes. “Procuram sempre por uma casa do silêncio que nós nem sequer sabíamos existir nesta zona”, refere um habitante de Dornes. Afinal, a Casa do Silêncio parece mesmo existir, ali para os lados de Vale Serrão. E, ao que se sabe, nem mesmo um gemido costuma de lá vir...
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