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Um comerciante sem tempo para férias

José Manuel Russo está no segundo mandato à frente da junta de Dornes
José Manuel Russo considera-se um aventureiro. É por isso, diz, que também se meteu na política. Mas confessa que quando o convidaram para encabeçar a lista do PSD à junta “teve um bocado de medo”, porque acha que tem pouco espírito para estas andanças.Acha que os políticos têm de dizer aquilo que sentem e não aquilo que os outros querem ouvir. Costuma dizer logo o que lhe vai na alma, sem pensar duas vezes e essa espontaneidade já lhe valeu alguns desaguisados.Nasceu na freguesia do Socorro, em Lisboa, e aos nove meses viajou até uma aldeia do concelho de Figueiró dos Vinhos, terra natal dos pais. E no dia em que conheceu Dornes enamorou-se por uma rapariga da terra.Foi a aventura mais duradoura da sua vida. Andava na tropa quando foi a Dornes, fazer um favor a um amigo que se tinha “desenfiado” da tropa nesse fim de semana. José Manuel Russo não conhecia a zona mas prontificou-se a levar ao amigo o indispensável passaporte para entrar no quartel.José Manuel Russo nunca mais se esqueceu daquela quarta-feira quando mandou um piropo a duas raparigas que iam a passar junto à casa do amigo. Como partiam para Angola na semana seguinte, José decidiu brincar com o amigo – “olha, vão ali duas madrinhas de guerra, uma para ti outra para mim”.As jovens não lhe passaram cartão e foram à vida delas mas aquele episódio nunca mais lhe saiu da cabeça. Pediu a morada da vizinha do amigo e quando chegou a Angola passou a escrever-lhe regularmente. “Tinha muito tempo, a minha guerra era uma guerra pacífica”.Foi com muita insistência que conseguiu convencer a jovem Maria Emília. Acabaram por casar há 28 anos, tendo do casamento nascido dois rebentos – Joaquim, de 24 anos, e Carlos, de 17 anos. Se o filho mais novo, a estudar em Tomar, sonha ser engenheiro civil, o mais velho prefere trabalhar com o pai, no negócio da fruta e dos legumes.Quando saiu da tropa José Manuel Russo trabalhou em terraplanagens mas acabou por se “chatear” com as máquinas e passou a transportar fruta do Algarve para os mercados da região. Viu logo que era um negócio com futuro e não o deixou escapar. Ao fim de um ano deixou o patrão e aventurou-se por conta própria.Do Algarve traz frutas (citrinos e morangos) e o que chama de “primores” – tomate, pepino, feijão verde, pimento - , que vende às segundas, quintas e sextas-feiras no mercado abastecedor de Tomar.É um homem insatisfeito, sempre à procura de novos rumos empresariais. E por isso meteu-se também no negócio das terraplanagens, agora não como trabalhador mas como patrão.O trabalho ocupa-lhe tanto tempo que diz não lhe sobrar nenhum para ter hobbies. Como por exemplo o futebol. É simpatizante do Benfica mas nunca foi ao estádio. Quando o sogro era vivo chegou a acompanhá-lo na pesca mas agora tenta que o pouco tempo livre seja passado em família. Mas férias não existem e quando fazem viagens tenta-se sempre juntar o lazer com os negócios.“Acredite que no último Natal a prenda que o meu filho mais novo me pediu foi uma viagem em família a Almeria (sul de Espanha) para irmos conhecer as estufas de fruta”, diz, orgulhoso por os filhos seguirem a sua veia empreendedora.

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