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Ana Eloy é técnica de recursos humanos de uma empresa agro-alimentar em Benavente

Ana Eloy, 29 anos, integra o departamento de recursos humanos de uma empresa agro-alimentar em Benavente. A época alta de produção, que se prolonga de Julho a Outubro, é a altura de maior trabalho. À técnica de recursos humanos cabe fazer as entrevistas, distribuir funções e acolher os colaboradores no novo local de trabalho.

É durante os meses de Verão que se concentra a maior parte do trabalho de Ana Eloy, técnica de recursos humanos de uma empresa agro-alimentar de Benavente. A sazonalidade da empresa, que dobra o número de trabalhadores na época alta, obriga a um redobrar do esforço da técnica.O pico de produção da empresa inicia-se em Julho e prolonga-se até Outubro. Até chegar a altura do ano em que a unidade labora 24 horas por dia é preciso escolher os colaboradores temporários que vão preencher os lugares vagos. É essa uma das tarefas da técnica de 29 anos, que reside em Santarém.“Chego a fazer mais de 20 entrevistas por dia. Às vezes levo os currículos para casa para analisar e não perder tempo no dia a seguir”, descreve. A parte mais complicada é quando conseguem recrutar pessoas, mas que acabam por desistir. O trabalho da técnica implica acompanhar os novos trabalhadores desde a altura em que chegam até ao final da época. “Integramos as pessoas e adequamos os perfis aos vários cargos. Mostramos a fábrica, passamos pelo posto médico, damos informação sobre higiene e segurança no trabalho e explicamos que é proibido o uso de acessórios que possam prejudicar o processo produtivo. Tentamos que a pessoa se sinta bem logo no primeiro dia”.Na época alta, em que chega diaria-mente à empresa a matéria-prima, trabalham cerca de 500 pessoas na unidade. É preciso processar salários e controlar férias, folgas e faltas, tendo em conta os turnos rotativos e o trabalho nocturno, o que torna o trabalho ainda mais moroso. O intensivo dia de trabalho inicia-se às 09h00 e prolonga-se até às 17h30. Durante os restantes meses o trabalho volta-se para o tipo de actividade normal de um departamento de recursos humanos. O dia a dia divide-se entre a elaboração de planos de férias, faltas, desenvolvimento de carreiras, avaliação do desempenho, desenvolvimento de competências e balanço social.O que mais lhe agrada é lidar constantemente com pessoas diferentes. “É muito reconfortante, para quem trabalha nesta área, ter alguém que se dirige ao departamento de recursos humanos para desabafar ou confidenciar um problema. Não só para pedir ajuda monetária, que é normalmente o que as pessoas pensam. Não estamos ali só para cumprir a nossa função, mas a ajudar as pessoas que trabalham connosco”.A parte mais desagradável da profissão é tudo o que se relaciona com dinheiro. “As pessoas encaram a remuneração como um bem adquirido e, por vezes, não compreendem tudo. Por vezes, esquecem-se que faltaram um dia e o primeiro impulso é dizerem que falta dinheiro, mas acabam por reconhecer”, exemplifica.A técnica considera que a sua remuneração poderia ser superior face à quantidade de trabalho que têm. As férias do pessoal também são normalmente remetidas para os meses de Inverno para não perturbar a época mais intensiva da empresa.Ana Eloy aproveita normalmente os meses de Abril, Outubro e Novembro para usufruir de alguns dias de descanso. Nunca muito mais de uma semana de cada vez, dado que é preciso processar os salários dos trabalhadores.Depois de concluir o curso de gestão de Recursos Humanos no Isla, em Santarém, Ana Eloy estagiou na SDF, uma distribuidora de produtos congelados, em Alverca. Ao fim de algum tempo mudou-se para uma empresa de formação no Entroncamento até que há dois anos surgiu a oportunidade de integrar o departamento de recursos humanos da empresa.“A área da indústria é sempre uma área mais fascinante para nós, visto que temos maior número de trabalhadores, o que implica trabalhar com a parte legal e gestão de carreiras”.As empresas já começam a compreender a importância da gestão de recursos humanos, mas ter um departamento bem organizado exige muito dinheiro. As empresas mais pequenas aproveitam a área da contabilidade para resolver as questões relacionadas com os recursos humanos, que se cinge à contratação de pessoal, rescisão de contratos e ao próprio processamento salarial. “Não desenvolvem técnicas para motivar os trabalhadores. É isso que é importante porque é preciso acompanhar o trabalhador desde o momento de entrada”.Ana Santiago
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