Contas chumbadas
Oposição reprova gestão da Câmara do Entroncamento em 2003
Os vereadores do PS, da CDU e do Bloco de Esquerda votaram contra o Relatório e Contas da Câmara Municipal do Entroncamento referente ao exercício de 2003 devido, genericamente, ao aumento da dívida da autarquia. Uma atitude que não deixa de ser curiosa, dado que todos eles tinham pelouros atribuídos pelo presidente da câmara Jaime Ramos (PSD), estando por isso associados à gestão da autarquia no período em apreço. A discussão foi um dos pontos fortes da reunião privada de segunda-feira, dia 5.
Refira-se que o chumbo do relatório e contas não traz qualquer consequência para a normal gestão do município, para além das leituras políticas que permite extrair tal acto.O vereador do PS Valente de Almeida (PS) justifica o seu voto contra com “o aumento astronómico” da dívida do município, que aliás já diz vir em crescendo desde 2002, altura em que foi feito um empréstimo para saneamento financeiro. “O relatório é muito esclarecedor e assusta qualquer um”, reforça.Para o Bloco de Esquerda o voto contra manifesta o desacordo face à actual gestão. “Não tenho conhecimentos para avaliar tecnicamente o relatório, mas no que me é dado ver está bem executado e é evidente o aumento descontrolado da dívida a curto prazo e o pouco investimento que tem sido feito”, opina Henrique Leal.A estas críticas o presidente Jaime Ramos responde com a natureza dos planos plurianuais. “Há obras que não foi possível fazerem-se em 2003, mas que vão ser feitas este ano. O Tribunal de Contas vai avaliar tecnicamente o documento e vamos ver. Porque a câmara analisou politicamente o relatório e quando fala na baixa execução devia pensar que houve quem tivesse pelouros atribuídos e nada conseguiu, como foi o caso do cemitério”, afirma o presidente referindo-se ao vereador da CDU, António Ferreira, a quem estava distribuído o pelouro.A CDU na sua extensa declaração de voto acusa a actual gestão de, em 2003, ter atingido a “pior execução orçamental ao nível do investimento” nos 10 últimos anos. Afirma também que a dívida do município se agravou em 15,56 por cento e que “a câmara continua a endividar-se e, legalmente, excedeu a capacidade de endividamento autorizada por este Governo”.“É falso”, contrapõe Jaime Ramos: “Não tenho os números comigo, mas o Tribunal de Contas irá avaliar. O problema é que há pessoas que se incomodam de ver obra. Fui vereador durante vários mandatos e sempre tentei colaborar com o presidente que não era do mesmo partido. Mas as atitudes ficam com quem as pratica e cada um que assuma as suas responsabilidades”.A terminar, Jaime Ramos recorda que se o documento tivesse sido discutido na reunião anterior, 29 de Março, teria sido aprovado porque faltou um dos vereadores do PS. “Adiei a discussão porque alguns vereadores não tinham analisado o relatório e não foi aprovado politicamente”, explica.
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