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A minha terra

As pessoas costumam afirmar que não há terra mais bonita do que a sua. Poderá ser um lugar completamente descaracterizado, recôndito, sem qualquer motivo de referência, mas é a sua terra, a mais linda do mundo!Eu não fujo à regra. Perdoem a ousadia mas em mais lado nenhum existem jardins espaçosos, com sombras aprazíveis de árvores frondosas como em Benavente, ou edifícios de fachadas imponentes, entre os quais destaco o edifício da Câmara Municipal com a Torre do Relógio a mirar o largo do pelourinho, de calçada à portuguesa. Só na minha terra existe a lezíria a limitar a vila, qual lençol bordado a seus pés. Só na minha terra a zona histórica tem ruelas simétricas que desaguam no Largo do Calvário, mirante onde o nosso olhar se perde no verde das searas e nos freixos que marginam o meu rio, o rio Sorraia. Em mais lado nenhum há ruas largas e cheias de luz, ladeadas por tílias com reflexos doirados.Bem, não devo exagerar. Mas não acredito que em qualquer ponto do planeta haja uma festa como aquela que acontece na minha terra, todos os anos, no último sábado de Junho. Em que lugar se vê, logo pela manhã, uma multidão que invade as ruas de risos e cantares? Uma multidão que chega e acampa nos jardins, sabendo que nada nem ninguém a vai impedir de se divertir? Uma multidão que assiste com emoção ao desfile dos cabrestos guiados pelos campinos imponentes no seu cavalgar? As ruas e as praças enfeitadas de barretes verdes e coletes vermelhos? A missa campal no Calvário em homenagem aos campinos falecidos com os cânticos a ecoarem nos campos ao redor? Os jogos de cabrestos junto ao rio com o povo a soltar bravos de alegria e entusiasmo? A picaria à vara larga, espectáculo incomparável, tendo como paisagem de fundo o casario aconchegado na ladeira do rio e como moldura a cruz do Calvário? Em que lugar se pode vibrar com a saída de um toiro pelas ruas da vila? E com todos os imprevistos que daí podem advir? E as cinco toneladas de sardinhas, 5 mil litros de vinho e 45 mil unidades de pão que são espalhados pela vila para oferecer a quem nos visita? E os arraiais a cada esquina? E o vinho que faz soltar as gargantas? E as mesas postas à porta para as famílias fazerem parte da multidão? Em que lugar uma festa dura até o sol nascer? Em que lugar uma festa retrata tão fielmente o nosso povo, as suas emoções, os seus valores, os seus anseios mais profundos? Em que lugar uma festa se chama “Festa da Amizade”?Por tudo isto posso afirmar com convicção e orgulho: “A. minha terra é a mais linda do mundo!”Eugénia Edviges - Benavente

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