Alhandra está mais perto do Tejo
Ambiente, segurança e saúde são as principais preocupações
A Alhandra do Século XXI será uma vila mais próxima do Tejo, mais azul e com melhor qualidade de vida. O saneamento, a poluição, a insegurança e a saúde são as maiores preocupações duma população orgulhosa da sua terra e das suas gentes.
Alhandra é filha do Tejo. Depois de longos anos de afastamento, a vila uniu-se ao rio e está mais azul. A toureira, como é conhecida a freguesia com 800 anos de história, é uma localidade simpática, hospitaleira e com uma população bairrista que se une nas causas nobres, apesar das divergências pessoais.Com mais de oito mil habitantes, a vila que foi sede de concelho até 1855, está preocupada com a insegurança e com a falta de respostas do posto da GNR que com 18 militares ainda tem de acudir às freguesias de Sobralinho, São João dos Montes e parte de Vila Franca de Xira.A saúde é outra dor de cabeça. O centro funciona num prédio de vários andares onde o acesso é dificultado aos idosos, deficientes e carrinhos de bebé. Depois há falta de médicos e pessoal de enfermagem. O novo centro tem terreno, mas falta o resto e ainda não será este ano que a obra arranca.O cemitério está no limite, mas não será alargado. Será construído um novo cemitério para Alhandra e São João dos Montes na parte nova da vila e junto ao actual vão aparecer duas casas mortuárias para velar os mortos com dignidade. Para melhorar a ligação entre a velha e a nova Alhandra e aproximar a população, separada pela AE do Norte e pela linha de comboio, está prevista uma nova ponte a Norte da vila.A Alhandra do Século XXI será uma freguesia com mais cor e melhor ambiente. A vila já perdeu o tom cinza resultante das partículas libertadas pelo fabrico de cimento que durante décadas cobriram os telhados e dificultaram a respiração dos alhandrenses. Mas este foi apenas um passo.O presidente da junta, Jorge Ferreira garante que a Cimpor não é a única causa de poluição da freguesia e aponta o dedo às empresas associadas da cimenteira que também provocam poluição ambiental e sonora. A passagem da linha férrea e da AE do Norte também contribuem para o ar pesado que ainda se respira na vila. “Isto não tem comparação”, comenta um grupo de reformados sentados num banco em frente da Casa Museu Sousa Martins e com os olhos postos no Tejo.Ali bem perto, os esgotos duma parte da vila correm a céu aberto para o Tejo. É uma dor de alma que tem um fim anunciado. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira tem prevista a renovação da centenária rede de esgotos na parte velha e a construção de uma estação de tratamento que vai tratar os resíduos. O líder da freguesia está entusiasmado com o projecto de requalificação da zona ribeirinha que vai ligar Alhandra a Vila Franca com um passadiço que permitirá passeios a pé e de bicicleta. Jorge Ferreira é um entusiasta da ligação ao rio e fala com emoção da dinamização que a junta pretende fazer da zona ribeirinha com colocação de mais bares, restaurantes, quiosques e outros pontos de comércio de animação. “Alhandra é inseparável do rio”, diz.No interior da parte velha da vila, a junta está a requalificar os passeios e a adaptá-los às novas realidades. Jorge Ferreira reconhece alguns erros de planeamento e espera que nas novas construções a câmara continue a acautelar todos os interesses.A junta de freguesia também vai ser modernizada com o apoio da câmara e da administração central. Aumentar a funcionalidade e a eficácia é o objectivo. A junta tem um quadro de 17 funcionários, sendo três administrativos e, sempre que é possível, recorre a contratados e a pessoas dos programas ocupacionais. Depois há serviços que já estão “privatizados” como a limpeza das ruas. A limpeza das ruas é uma tarefa complicada porque há dezenas de árvores que libertam folhas em longos períodos do ano. A junta está a substituir alguns plátanos e arvores que provocam alergias por espécies mais adequadas.Os alhandrenses sentem um aperto no peito quando passam na frente do velho Teatro Salvador Marques e sentem que pode ruir a qualquer momento. A sua recuperação faz parte do projecto que integra a nova sede da Sociedade Euterpe Alhandrense, a colectividade de maior expressão na freguesia a par do Alhandra Sporting Clube. Ambas movimentam centenas de praticantes nas várias modalidades e secções. Na vila já se defendeu a fusão das duas numa grande associação, mas a ideia não foi consensual e o projecto está à espera de melhor oportunidade.A riqueza do movimento associativo é notória em Alhandra, apesar das dificuldades por que passam algumas colectividades para renovar os seus órgãos sociais.As autarquias apoiam e ainda recentemente os escuteiros e os motards receberam os seus novos espaços junto ao monumento a Hércules, no caminho das Linhas de Torres, onde desfrutamos de uma paisagem única com o estuário do Tejo e a Lezíria ao fundo. Desta forma, o espaço ganha uma nova vida e os que o procuravam para fins menos adequados e para o vandalizar afastalam-se.As linhas de Torres Vedras foram construídas pelas tropas luso britânicas e pelo povo para se protegerem dos exércitos de Napoleão aquando das invasões francesas.A junta de freguesia quer recuperar os passeios pedonais e a antiga estrada militar e quer preservar todo o valioso património florestal em redor das Linhas de Torres.Jorge Ferreira confessou a O MIRANTE que gostaria de ver o pelourinho na Praça 7 de Março, frente à sede da junta, de onde foi retirado “duma forma estúpida e ignorante”.Quanto ao monumento de Sousa Martins que está no local, o autarca defende a sua mudança para a frente do Museu de Alhandra que recebeu o nome do médico alhandrense.Nelson Silva Lopes
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