Baptista Pereira é um símbolo da vila
“Gineto” bateu o recorde no Canal da Mancha
Baptista Pereira é um dos filhos mais queridos da vila de Alhandra. A vitória da travessia do Canal da Mancha, em 21 de Agosto de 1954, em 12h e 25s fez dele uma figura mundial e uma referência para desportistas da época e para as gerações que se seguiram. Tinha 34 anos, mas estava ainda longe do final da sua carreira desportiva.
Joaquim Baptista Pereira nasceu a 7 de Marco de 1921, em Alhandra e faleceu em 1984 com 62 anos. Os homens da época afiançam que nasceu no Tejo. O nadador foi o “Gineto” nos “Esteiros” de Soeiro Pereira Gomes, outra referência da vila alhandrense.Marco Dias, um alhandrense de 14 anos, não leu a obra do seu conterrâneo, mas confessa que já ouviu falar de Baptista Pereira. “Já ouvi falar, sei que era do desporto”, disse com alguma timidez. Ao seu lado, dois homens de cabelos brancos entram na conversa para frisar a figura ímpar do “Gineto”. “Nunca mais apareceu nenhum como ele. Hoje nem se ouve falar dos nossos nadadores”, lamenta.Baptista Pereira aprendeu a nadar no Tejo, como a maioria dos rapazes da sua geração, mas nenhum o conseguiu acompanhar.Atleta com qualidades únicas, alcançou também dois recordes na Travessia do Estreito de Gibraltar (1953 e 1956) e o recorde da Europa de distância e permanência na água. Foi no seu Tejo no ano de 1959 e o nadador percorreu 206 Km em 28 horas e 43 minutos. Era um homem “com um pulmão de ferro e uma resistência fora do comum”. Não foi por acaso que Baptista Pereira apareceu no livro de ouro do desporto mundial e foi um atleta que encheu páginas em jornais e revistas de nível internacional. Os seus feitos justificaram a medalha de Mérito Desportivo Nacional atribuída após aprovação unânime do Conselho de Ministros e a travessia com o seu nome que anualmente anima o Tejo entre Alhandra e Vila Franca.Quem o conheceu e com ele lidou garante que era rebelde, gostava de brigar e andava de pés descalços. O nadador vivia com as dificuldades próprias da época, mas nunca deixou de sonhar como contou o escritor nos “Esteiros”. A aprendizagem fez-se chafurdando nas margens e nos esteiros lodosos. Daí às piscinas olímpicas foi uma longa braçada.As competições de piscina e de rio sucederam-se ao lado do seu rival, companheiro e amigo, Jofre de Carvalho, a primeira referência do Alhandra Sporting Clube. Mas Baptista Pereira foi mais forte. O nadador que deu o nome às piscinas de Alhandra revolucionou a natação competitiva de piscina em Portugal e pulverizou os recordes nacionais dos 200, 400, 500, 800, 1000 e 1500 metros livres. O seu estilo especial levou-o a ser a figura de primeiro plano da natação portuguesa e a deixar marcas que o tempo não apagou, apesar de ter iniciado a competição já com 17 anos.A morte de Baptista Pereira deixou uma onda de saudade. A 22 de Junho de 1984, o campeão foi sepultado no cemitério de Alhandra. Por ironia do destino, virado para o Tejo onde tantas glórias conheceu.
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