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Fábrica de beterraba tem futuro

Fábrica de beterraba tem futuro

Eventual redução da quota não compromete unidade de Coruche

O funcionamento da fábrica de transformação de beterraba sacarina de Coruche não está dependente da quota a aprovar pela União Europeia. A direcção da DAI desmente rumores de um eventual encerramento e anuncia novos investimentos. As declarações sossegam mais de 600 produtores e dois mil trabalhadores que dependem da unidade.

As centenas de produtores e os mais de dois mil trabalhadores que dependem da fábrica de transformação de beterraba sacarina de Coruche (DAI) podem dormir descansados porque a unidade não corre o risco de fechar nos próximos anos. A garantia foi dada a O MIRANTE pelo director da empresa, Carlos Beirão.O responsável garante que os accionistas estão atentos, mas não estão preocupados com uma eventual redução da quota de 70 mil para 60 mil toneladas por ano e uma quebra dos preços praticados que pode atingir 50 por cento. O director sublinha que a redução da quota foi uma hipótese colocada num projecto de proposta no âmbito da reforma da Organização Comum de Mercado (OCM) para o açúcar e essa hipótese foi recusada por 10 dos 15 países que tinham assento na União Europeia. “Se estivéssemos preocupados não estaríamos a fazer investimentos avultados na unidade”, reforçou Carlos Beirão.O director da DAI lembra que qualquer decisão que venha a ser tomada no âmbito da reforma da OCM, só terá reflexos dentro de três a quatro anos e que mesmo que se confirme uma redução da quota para 60 mil toneladas está dentro dos valores previstos quando a DAI (empresa constituída em 1993) se instalou em Coruche, com um investimento de 100 milhões de euros (20 milhões de contos).Certo é que o ex-ministro da Agricultura Sevinate Pinto apresentou uma proposta em Bruxelas para que a quota portuguesa aumentasse para as 100 mil toneladas anos com os argumentos de que só dessa forma a fábrica seria viável e que Portugal consome 300 mil toneladas por ano. Em vez do aumento teve uma proposta de redução integrada no projecto de reforma da OCM apresentado pelo ex-comissário europeu da agricultura Franz Fischer. O secretário-geral da Associação Nacional dos Produtores de Beterraba, Pedro Alarcão defende que a DAI não pode funcionar com menos de 60 mil toneladas e mostra-se muito preocupado com o futuro de centenas de produtores nacionais.O director da empresa insiste na segurança do projecto e garante que será possível manter nos próximos anos a média de 600 contratos anuais (alguns contratos envolvem grupos de produtores) e os 200 postos de trabalho directos e mais de 2000 indirectos.“Não temos razão para não pensar desta forma”, refere.A DAI está a transformar em exclusivo beterraba portuguesa produzida em vários pontos do país. As zonas de maior produção são o baixo Mondego, Vale do Tejo e Alentejo. Só na zona da Golegã, Riachos e Torres Novas há 1200 hectares de terra que produzem beterraba. A cultura surgiu como uma alternativa ao milho e segundo Mário Antunes do agrupamento de produtores-Agrotejo, com sede na Golegã, a confirmar-se o encerramento da DAI seria uma machadada na vida dos agricultores que apostaram na alternativa. O responsável pela associação prefere esperar pela reforma da OCM para confirmar se há redução da quota e quais as suas implicações. Uma das consequências da reforma da OCM será a redução do preço, até porque a entrada de 10 novos países vai aumentar em 30 por cento a produção de beterraba e com mais produto, o preço baixa.Câmara apreensivaO presidente da Câmara Municipal de Coruche espera que a União Europeia não aprove a proposta da OCM que prevê a redução da quota. Apesar do funcionamento da fábrica não ser posto em causa, Dionísio Mendes teme pelas consequências nas quebras de produção e mostra-se solidário com os agricultores. Segundo o autarca, a proposta da OCM para a beterraba sacarina, colocada sobre a mesa de Bruxelas e rejeitada por 10 dos 15 países, apontava para que uma empresa que produzisse 100 hectares de beterraba sacarina tivesse direito a um subsídio idêntico ao rendimento obtido na produção sem ter de produzir. “É um crime que lesa a economia”, acrescenta. O edil considera que o processo é semelhante ao do girassol e arroz onde os agricultores recebem subsídios para não produzir.No caso da beterraba Dionísio Mendes lembra que há 10 anos foi feito em Coruche um investimento de 100 milhões de euros numa unidade modelo para criar uma alternativa aos agricultores e agora as decisões da União Europeia podem condicionar o aproveitamento máximo da fábrica. Os autarcas de Coruche admitem vir a tomar outras posições de apoio aos produtores caso a proposta avance, mas para já deram conta das suas preocupações ao Ministro da Agricultura, à Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste e à empresa que transforma a beterraba. A DAI já agradeceu a posição da autarquia.Nelson Silva Lopes
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