Quando aceitou ser o terceiro elemento da lista independente Samora Agora, Carlos Luís Henriques estava longe de imaginar que meses depois seria chamado a assumir a presidência da Junta de Freguesia de Samora Correia. O bancário de 42 anos foi o terceiro presidente neste mandato, num cenário inédito na vida da freguesia. O autarca agarrou o lugar com unhas e dentes e garante estar motivado para continuar.Carlos Henriques já tinha sido vogal no mandato 1997/2001 e conhece bem os cantos à casa. O presidente, conhecido por “Piri” entre os mais próximos, é um homem prático e tanto se apresenta de fato e gravata para as reuniões de trabalho como carrega a aparelhagem, faz o som e apresenta qualquer espectáculo. Se for preciso ainda consegue captar imagens e escrever os textos para publicar no sítio da junta na Internet e no boletim informativo da freguesia. O gosto pelo jornalismo e pela comunicação vem desde muito jovem. O autarca integrou o Grupo Juvenil de Cinema de Animação, esteve na formação do jornal Visão do Ribatejo e na fundação da Rádio Iris. Foi colaborador de vários jornais nacionais e da Rádio Marinhais e as suas paixões pelo jornalismo desportivo e pela fotografia ainda estão bem vivas.No pouco tempo livre que tem Carlos Henriques gosta de passear com a mulher e as duas filhas de 6 e 10 anos, ir ao cinema e ler. Nos últimos cinco meses, o lazer foi reduzido porque a junta absorve uma boa parte do dia e o tempo não estica. A família já estava habituada às ausências porque a sua ligação ao associativismo já vem desde os 18 anos e a vida autárquica já lhe ocupava algum tempo.O líder da freguesia garante ter prazer em contribuir para resolver os problemas da população, mas reconhece que nem sempre é possível. Por vezes emociona-se com algumas situações delicadas que lhe aparecem. O crescimento da freguesia trouxe novos problemas e os casos sociais graves também aumentaram.Por inerência das funções e presidente da Junta, Carlos Henriques é um dos três administradores do Centro de Bem Estar Social Padre Tobias. A instituição tem sido uma das dores de cabeça do autarca que, tal como os seus antecessores, não tem estado em completa sintonia com os outros dois administradores e tem sentido algumas dificuldades para reformar o funcionamento da instituição.O autarca defende que o conselho de administração deve ser alargado e que a gestão deve ser profissionalizada para que a instituição possa responder com mais eficácia a cerca de 200 crianças e outros tantos idosos a quem presta apoio e possa aumentar as suas respostas. Cinco meses depois de ter tomado posse, Carlos Henriques já teve que tomar algumas decisões complicadas. A última foi aprovar, com o restante executivo, a demissão da chefe de serviços que durante 20 anos foi o braço direito dos executivos. “Foi uma situação muito dolorosa, mas não havia alternativa”, diz. O presidente ainda não se arrependeu de ter deixado a Caixa de Crédito Agrícola onde trabalhou durante 20 anos e refere que quando foi convidado não hesitou, mas foi necessário conseguir o acordo da entidade patronal. Garante que está entusiasmado com as novas funções porque “o trabalho não é tão monótono”. O autarca afirma que não foram as condições financeiras que o atraíram, mas o gosto que sempre teve por contribuir para o desenvolvimento da terra onde nasceu, cresceu e espera ficar para sempre.Carlos Henriques trabalha diariamente com dois eleitos da CDU e dois do PS, num cenário onde os consensos são mais difíceis de atingir. O autarca reconhece que com uma equipa do projecto “Samora Agora” tudo seria mais fácil, mas elogia o esforço que todos têm feito para manter a harmonia na equipa.O líder da freguesia admite recandidatar-se e não exclui a hipótese de um dia voltar ao PS porque continua a ser socialista e “os partidos são a base da democracia”.