Agências de viagem não se queixam da crise
Muitos ribatejanos escolhem o Norte de África e a América Latina para passar férias
Passar uns dias de férias em países como a Turquia ou o México por preços acessíveis seria impensável há alguns anos para a maior parte das bolsas portuguesas. Em 2004, estes destinos estão na moda e apesar da crise os portugueses conti-nuam a optar pelo estrangeiro para uns dias de descanso e diversão. As agências de viagens da região, na maioria dos casos, não notaram grandes quebras de vendas, apenas as escolhas dos seus clientes mudaram.
Quando chega o Verão com mais ou menos sacrifícios as férias são para gozar e se houver oportunidade para visitar países desconhecidos melhor. E apesar da propalada crise os clientes continuaram a aparecer nas agências de viagens da região, embora optem por menos dias de férias e prefiram viagens de promoção que além de mais baratas os transportam para zonas para onde nunca tinham pensado ir de férias.O norte de África e a América Latina, onde se podem passar sete dias por 300 euros, fez com que o Algarve, onde os preços teimam em não descer, as estâncias balneares do sul de Espanha e outros percursos europeus saíssem a perder. Entre viajar para a Tunísia, Egipto, Turquia ou mesmo Brasil, República Dominicana ou México a preços equiparados aos da província mais a sul de Portugal, os portugueses não têm grandes dúvidas“O que vendemos mais foram as viagens de promoção. Tivemos mesmo de aumentar o número de percursos de última hora, devido à procura, muito maior do que em anos anteriores”, esclarece Mariana Mendia, da agência Omnitur, de Santarém. Por enquanto, a Omnitur, tal como as outras agências contactadas, não tem uma linha de crédito especial para os seus clientes. Se para viajarem as pessoas têm que recorrer a empréstimos bancários, é problema de cada um. “Os nossos clientes chegam à agência e pagam, não temos linhas de crédito. Que eu saiba só as grandes agências disponibilizam esse tipo de pagamento”.Em Almeirim, Susana Baptista, da agência Ida e Volta, não notou qualquer diferença relativamente a anos anteriores para as férias de 2004. “Temos clientes assíduos, que voltam sempre”, diz. Também neste caso, o Algarve foi preterido em relação à Tunísia, México ou mesmo Cuba. “O estrangeiro vende-se muito mais do que o Algarve, e mais do que em anos anteriores”.“Ir para fora cá dentro”, o slogan para incentivar os portugueses a serem turistas no próprio país, parece ter cada vez menos saída. Mesmo as viagens para Espanha, que este ano não estiveram muito na moda, ganham vantagem a uns dias no Algarve. “Pelo mesmo preço, as pessoas vão para Espanha, conhecem o país e pagam tanto ou menos do que no Algarve, ficando em hotéis de categoria equivalente”, adianta Ana Duque da Belcatur, no Entroncamento. A redução dos dias de férias é outra das formas de fugir à carestia de vida. Esta é experiência da época estival na Noventur, com agências em Abrantes e no Entroncamento, onde segundo Dulce Praia também se sentiu uma quebra na procura. “Em Abrantes não houve grande diferença, mas no Entroncamento houve menos procura este ano do que em anos anteriores”.Em Vila Franca de Xira, a agência Mil Destinos não se pode queixar do ano de 2004. Se a procura foi menor, o volume de facturação não registou qualquer decréscimo. “Temos clientes regulares que viajaram menos vezes, mas vêm sempre. Além disso arranjámos novos clientes, o que acabou por compensar”, diz Marta Alcobia.Para viajar não há idades e cada vez menos. Nas agências contactadas por O MIRANTE os clientes percorrem todas as faixas etárias, sem haver predominância notória de qualquer uma. No entanto, é evidente o aumento de pessoas, principalmente mulheres, a viajarem sozinhas, e do turismo sénior, a partir dos 60 ou 65 anos, havendo também programas especiais para os turistas menos jovens.
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