Ser electricista é trabalhar de improviso
Tiago Filipe Silva é técnico no Centro Nacional de Exposições, em Santarém
Fazer a manutenção das instalações eléctricas do Centro Nacional de Exposição e fornecer energia às dezenas de expositores que durante todo o ano mostram os seus produtos e serviços no espaço é o trabalho de Tiago Silva. Quando chega a altura dos certames o electricista não tem mãos a medir.
São 11 horas da manhã no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém. O electricista Tiago Filipe Silva, 25 anos, pega na carrinha verde de serviço e desloca-se até à zona das paddock’s, onde ficam alojados os cavalos durante as feiras, para arranjar um dos quadros queimados.Durante os meses em que não se realizam certames no Centro Nacional de Exposições o trabalho do electricista concentra-se nas operações de manutenção. Percorre os vários hectares do recinto para mudar as lâmpadas mais altas com gruas e certificar-se de que todos os quadros do exterior do recinto estão a funcionar correctamente. São poucos os serviços que faz de raiz, mas mesmo assim de vez em quando é preciso fazer uma instalação nova ou instalar mais tomadas nos vários espaços que se estendem ao longo do parque.Quando chega a altura das feiras, que trazem ao recinto milhares de visitantes e centenas de expositores de todo o país, o electricista não tem mãos a medir. “É preciso passar as baixadas para os expositores”, diz Tiago Silva.O electricista explica que é um trabalho que acaba por ser feito de improviso até porque o número de stands varia de feira para feira e depende do espaço que cada empresário aluga. “Fazemos coisas que não são definitivas, mas só para aqueles dias”. As indicações são dadas pelos expositores ao superior de Tiago Silva, que coordena a equipa de electricistas.Desde que está na equipa de electricistas do CNEMA o jovem já trabalhou como técnico durante a Decormóvel, Feira Nacional de Agricultura e uma mostra de Tunning, entre outras actividades.O dia de trabalho do electricista, residente em Santarém, começa às nove da manhã e só termina às 17h30. Durante o intervalo para almoço Tiago Silva aproveita sempre para ir a casa. Nos dias de feira o horário é reformulado e por vezes o técnico tem que ficar de serviço ao fim de semana.Tiago Silva gosta de fazer tudo um pouco na sua profissão. Montar quadros, um serviço mais minucioso que requer mais paciência para ligar cabos e disjuntores, é um dos trabalhos que mais lhe agrada.O electricista só dispensa o serviço de ligação de tomadas. “Se tenho um serviço qualquer para fazer as tomadas são sempre deixadas para o final”, revela.Tiago Silva abandonou o ensino normal quando frequentava o 11º ano. Três anos depois, quando tentou regressar para concluir a escolaridade obrigatória, soube que teria de voltar ao 10º ano. Foi então que se decidiu por um curso profissional. Há um ano concluiu no Centro de Formação Profissional de Santarém o curso de técnico de electricidade de edificações, que lhe deu também equivalência ao 12º ano.Durante os três anos do curso, que inclui uma componente genérica, aprendeu a trabalhar como electricista. A partir do primeiro ano frequentou as aulas de prática simulada. “Treinávamos nas paredes com quadros e simulávamos situações reais”, descreve.Os vários estágios que efectuou ao longo do curso foram feitos na empresa de electricidade Santos e Machado. Seis meses depois de concluir a formação arranjou emprego como electricista do CNEMA, por intermédio de um amigo que sabia que precisavam de técnicos no local.Tiago Silva aconselha os jovens a optarem por um curso profissional para aprender uma profissão. “O ensino normal é mais disperso. Com este curso saímos de lá a saber qualquer coisa”, avalia.Apesar de ser uma área com saída profissional Tiago Silva esteve inscrito no Centro de Emprego de Santarém durante seis meses sem receber qualquer proposta de trabalho.Considera que a remuneração de electricista é justa, embora reconheça que os trabalhadores independentes conseguem atingir maiores rendimentos. O electricista gosta de trabalhar como técnico no CNEMA, mas não põe de parte a hipótese de mais tarde montar um negócio próprio. Ana Santiago
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