Uma terra pobre mas lutadora
Abitureiras, uma das freguesias mais pequenas do concelho de Santarém
Tem pouco património, poucos recursos e escassos postos de trabalho. O comércio também não abunda por aquelas bandas. Abitureitas tem pouco mais de 1.300 habitantes. Pequena e pobre, a freguesia tem na paisagem a sua maior riqueza.
Um cartaz à entrada da freguesia exemplifica o cuidado que se tem para manter Abitureiras uma terra aprazível e bem cuidada: “Não pedimos que limpe, apenas que não suje”. É uma localidade pequena, pobre, com poucos recursos, mas muito orgulhosa do seu passado e do espírito lutador das suas gentes. Vivendo essencialmente da agricultura, sobretudo do azeite que provém das oliveiras que polvilham os montes em redor da localidade, Abitureiras tem apenas uma meia dúzia de estabelecimentos comerciais, entre mercearias e cafés. O que a terra tem de melhor é a paisagem verdejante, os montes com oliveiras e vinhas. Por aquelas bandas, entre Santarém e Rio Maior, respira-se ar puro e é possível ver um pôr-do-sol deslumbrante. Uma riqueza que, lamenta-se, não constitui mais valias para a captação de habitantes e de empresas que dêem trabalho a quem é obrigado a procurar outras paragens para ganhar a vida.Muitos dos habitantes de Abitureiras trabalham em Santarém, onde passam a maior parte do dia, regressando à localidade à noite. O presidente da Junta de Freguesia, Ilídio Freire (PS), acredita que se houvesse postos de trabalho para todos a localidade era um dos melhores sítios para viver na zona de Santarém.As casas térreas amarelas da rua principal reportam-nos para tempos antigos e constituem o pouco património da localidade que tem o seu ex-libris na igreja paroquial. A religiosidade ainda é uma das características da maior parte da população local que é, no total, de cerca de 1.300 habitantes. A freguesia de Abitureiras situa-se a 15 quilómetros a norte de Santarém e tem uma área de 28 quilómetros quadrados. Distingue-se por ter 11 lugares dispersos: Albergaria, Póvoa Três, Póvoa do Conde, Vedigão, Porto de Oliveira, Joaninho, Lamarosa, Casais da Aroeira, Souriço, Fontainhas e Casais do Brejo.O posto médico, que não funciona todos os dias, está em instalações precárias e a junta de freguesia pretende mudá-lo para outras instalações. A autarquia também está a tentar convencer um banco a instalar uma caixa Multibanco na freguesia. As estradas estão na sua maioria em mau estado. O acesso à sede de freguesia é feito por uma estrada estreita e com alguns buracos. Há alguns caminhos que também precisam de ser alcatroados, num total de oito quilómetros. O que para uma freguesia com poucos recursos financeiros é uma extensão significativa.No rol das más condições está ainda a ausência de saneamento básico. Os esgotos continuam a ser encaminhados para fossas sépticas. Segundo o presidente da junta de freguesia, Ilídio Freire, esta “é uma situação complicada de resolver devido ao facto de haver habitações muito dispersas. Melhor está o panorama do abastecimento de água e electricidade que se situa nos cem por cento.Na terra cujo nome, dizem os mais velhos, deriva de “aventureiras”, os transportes públicos também são poucos. Tal como o movimento associativo. Representam a freguesia o rancho folclórico e o Centro de Convívio e Cultura das Abitureiras. A 20 minutos da sede de concelho, Abitureiras tem uma escola primária que serve todos os lugares. Para seguirem os estudos as crianças têm que ir para Santarém ou para o Instituto Educativo do Ribatejo, em Tremês. Uma das características da freguesia é o cuidado posto na valorização da traça antiga da terra. Um imóvel degradado no centro da localidade vai ser recuperado, mantendo as linhas arquitectónicas, para albergar a sede da junta de freguesia. Ilídio Freire gostava também que a igreja fosse sujeita a obras, já que apresenta alguns sinais de degradação.O respeito pelo ambiente é uma coisa que a autarquia local quer incutir na população. Nesse sentido tem feito algum esforço na plantação de árvores na freguesia, nomeadamente junto às estradas. Por outro lado tem como objectivo manter os espaços públicos o mais arranjados e limpos possíveis. Ilídio Freire só lamenta que algumas pessoas não compreendam que os equipamentos públicos são de todos, dizendo ser incompreensível que várias árvores tenham aparecido partidas após terem sido plantadas.
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