Rui Barreiro vaiado na Ribeira
Inauguração da primeira fase do projecto Al-Margem marcada por críticas ao presidente da câmara
Alguns habitantes da Ribeira de Santarém assobiaram e apuparam o presidente da Câmara de Santarém durante a inauguração das obras de requalificação da zona ribeirinha da localidade. A junta de freguesia também se demarcou da cerimónia. Acusa o presidente da câmara de marginalização e diz que a cerimónia foi extemporânea, pois há muitos erros a corrigir na empreitada.
O presidente da Câmara de Santarém, Rui Barreiro (PS), foi assobiado e apupado na tarde de domingo por alguns moradores da Ribeira de Santarém, durante a cerimónia de inauguração da primeira fase da empreitada de requalificação urbana daquela localidade. Os protestos e a indiferença dos populares foram motivados por erros e omissões na execução da empreitada.Mas o dia aziago para Rui Barreiro não se ficou por aí. Os elementos da Junta de Freguesia da Ribeira, gerida pela CDU, também se demarcaram da cerimónia. Os autarcas contestaram sobretudo a atitude do presidente da câmara, Rui Barreiro (PS), por não os ter convidado, enquanto representantes da população, a participar nos preparativos da festa. E criticaram ainda o facto de não terem sido avisados atempadamente da realização dessas actividades. Para marcar a sua posição, o presidente da Junta da Ribeira, Vítor Gaspar (CDU), fez distribuir um comunicado pela população durante a festa que poderá ter ajudado a incendiar os ânimos. “Para além do comportamento reprovável do presidente da Câmara Municipal de Santarém, vale a pena referir que esta inauguração é feita com obras por concluir e erros por resolver”, lê-se no comunicado onde se apontam defeitos na intervenção visíveis a olho nu.Postes no meio de passeios a dificultar a passagem dos peões (rua do Alcorce), a falta de sumidouros na rua João Arruda, que fica inundada quando chove, uma ciclovia com cerca de 200 metros de extensão, com largura variável e, em certos pontos, muito próxima da vala de Alcorce, sem qualquer protecção, são alguns dos exemplos apontados no texto.Os dois extremos da ciclovia terminam de forma abrupta, de um lado com um pequeno muro junto à ponte de Alcorce e, do outro, para um espaço de terra. A ciclovia está identificada com um sinal no seu início mas, à primeira vista, mais parece um simples passeio. Tanto que não está marcada horizontalmente, permitindo cruzamentos de bicicletas em espaços apertados, com a estrada de um lado e a vala de outro. Neste caso, Vítor Gaspar refere que os eleitos da Junta de Freguesia da Ribeira se demarcam de qualquer acidente que venha a acontecer na ciclovia, responsabilizando Rui Barreiro pela falta de segurança daquele local. Podem mesmo socorrer-se de uma opinião avalizada para sustentar a sua posição. Também na própria vala o executivo da Junta de Freguesia da Ribeira de Santarém refere que o espraiar a ponte de Alcorce aos seus quatro arcos fez com que a água deixasse de correr num só curso, ficando agora concentrada, e ainda travada por plantas que crescem no leito.Ainda nas imediações da ponte, o espaço foi requalificado e ficou com um aspecto diferente mas continua a pontuar uma casa que teve de ser demolida devido a um incêndio e que, segundo o presidente da junta da Ribeira, foi limpa à pressa na véspera da inauguração da primeira fase das obras do Al-Margem. Outro exemplo do que não correu bem para a Junta de Freguesia da Ribeira de Santarém foi a forma com ficou o acesso da estrada ao Campo do Rossio. Construiu-se uma travessia alternativa para evitar que os veículos pesados passem pela ponte de Alcorce mas, no fim dessa travessia, a estrada afunila de tal maneira numa outra ponte que se torna perigoso para quem ali transita. Apesar das críticas, as obras, avaliadas em 2,3 milhões de euros e projectadas no anterior mandato, foram inauguradas oficialmente por Rui Barreiro, que disse tratar-se de um dia de festa. “Este conjunto de obras prevê dar uma nova alma à Ribeira de Santarém”, referiu, apelando ao esforço colectivo.A maioria socialista no executivo municipal esteve em peso, além da presença do gestor do programa Valtejo, António Marques, que lançou o repto à população local para que consiga tornar aquele espaço atractivo ao turismo.Financiados em 50 por cento por aquele programa operacional, os trabalhos envolveram a construção de redes de saneamento básico, arruamentos a requalificação da vala de Alcorce, a criação de espaços verdes, bem como a recuperação de monumentos e da ponte de Alcorce, que passa a ser uma travessia pedonal, dado que foi criada uma variante.A segunda fase do projecto engloba a requalificação da praça Oliveira Marreca, respectivas ruas de acesso e de parte da zona desportiva da Ribeira de Santarém. Altura em que será construído um polidesportivo, com mais valências em termos de modalidades e pavimento adequado à situação de cheias periódicas. Polidesportivo e campo de futebol disporão de casas de banho públicas e zona de arrumos.A festa de inauguração, ainda que marcada pelos protestos de alguns moradores, seguiu com a actuação do Rancho Folclórico da Ribeira de Santarém, fanfarra da Banda Filarmónica do Cartaxo, artes circenses do Teatrinho de Santarém, e ainda por Pedro Melão e Carlos Dantas. Durante a tarde foi oferecido um porco no espeto à população.
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