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Ana Cabeleira de Almeida

Ana Cabeleira de Almeida

“À polícia não são dados meios necessários à sua actuação e são sempre criticados quer por actuar, quer por não actuar. Se apanham o assaltante e o aleijam, coitadinho do assaltante, era pobrezinho e até tem a família com fome."

25 anos, engenheira técnica agrária, Minde

A internet veio revolucionar todas as formas de comunicação. Para si é um meio imprescindível?Não, passa-me completamente ao lado. Cada vez que consulto a internet nunca encontro aquilo que quero, dou mais de trinta voltas e não consigo. Prefiro os livros, embora utilize frequentemente o computador.Costuma seguir os noticiários?Mais ou menos. Aborrecem-me muito aquelas “trambiqueirices” que não interessam a ninguém, tipo de que cor é que fulana pinta a casa, o desaparecimento do cão e histórias assim.Compra um jornal pela primeira página?Não tenho por hábito comprar jornais. Se estou num sítio onde haja jornais leio as gordas e uma notícia ou outra, normalmente policiais e pronto.E começa a ler um jornal pelas primeiras páginas ou de trás para a frente?Não. Pelo princípio, sempre.Acha que atravessamos uma crise de valores?Sim, mas não no sentido geracional. Mais no sentido da zona ou do meio social em que se vive. Não quero dizer que essa crise, a existir, seja identificativa de uma geração.E ao nível de delinquência e de actos de banditismo, são mais frequentes actualmente do que há anos?Não sei se haverá mais. Actualmente são muito mais divulgados, mas se calhar não houve aumento da criminalidade.Escolheu um curso que presentemente não tem grande procura. Foi por opção que foi para engenheira técnica agrária?Não, foi por obra e graça do destino. Costuma dizer-se que Deus escreve direito por linhas tortas e acho que foi isso que me aconteceu. Repeti o 12.º ano, só concorri em Setembro e como queria entrar inscrevi-me em todas as universidades onde podia entrar, inclusive a Escola Superior Agrária de Santarém, mas nem sabia que curso era. Chamava-se Engenharia da Produção e alguma coisa havia de produzir.Foi uma boa escolha?Sem dúvida, não me imagino a fazer outra coisa que não seja ligada à agricultura ou à jardinagem.É sugestionável pela publicidade?Absolutamente nada.Quando não está a trabalhar o que gosta de fazer?O que as pessoas gostam normalmente. Gosto de cinema, música, sair à noite. Apesar de ser muito dorminhoca e ter de dormir sempre algumas horas, por isso noitadas só ao fim-de-semana. O que é que a preocupa mais?Não sou revoltada com o mundo, não tenho nenhuma preocupação de todos os dias, tenho as do dia-a-dia, agora uma que me atormente o ano inteiro não. Só daquelas que vão e vêm.Tem por hábito ler os horóscopos?Não, não ligo nenhuma a isso. Penso que as pessoas do mesmo signo têm algumas características comuns, principalmente as dos signos mais vincados. No meu caso não sei, também sou Sagitário, não é dos piores.Alimenta algum sonho que gostaria de concretizar?Tantos que nem sei. Atravessam todos os campos, do profissional ao económico, passando pelo habitacional e pelas viagens. Nem escolho. Ia a qualquer sítio, mas gostava muito de visitar o Brasil pela calor, a música, o astral. Gosto dos dias de Verão.Acredita na justiça portuguesa?Já acreditei mais, porque nunca se chega a conclusões. Anda-se ali à volta e nunca se chega ao fim. Depois, como andam sempre a falar no mesmo as pessoas cansam-se e perdem o interesse. Há uma grande massificação das notícias, o que também prejudica a imagem da justiça.E na polícia?À polícia não são dados os meios necessários à sua actuação e são sempre criticados quer por actuar, quer por não actuar. Se apanham o assaltante e o aleijam coitadinho do assaltante era pobrezinho e até tem a família com fome. Se não o apanham é porque não fazem nada.Os portugueses têm falta de civismo?Acho que sim e isso nota-se sobretudo nas relações interpessoais, muitas vezes não temos nenhuma consideração de uns pelos outros.
Ana Cabeleira de Almeida

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