Encostada à igreja de Marvila, em Santarém, a chamada “praça velha” é hoje a maior referência da cidade antiga. Tablado medieval, largo da câmara e praça do mercado, era ainda, nos finais de vinte do século passado, o centro do comércio citadino. O domingo era o dia grande. Ali afluíam as gentes da Tapada, da Ribeira, da Portela e de todos os arredores, a comprar e a vender. O principal acesso era a actual calçada Mem Ramires que, tanto à entrada junto à “estrada nova” como ao cimo, junto à “S. Martinho”, tinha um marco a reservar a calçada a peões e solípedes. É agora a “gran-via” de saída do centro histórico para norte e para nascente, oitenta e tal anos após a sua reserva a apeados.A praça era local de convívio e, à noite, o rapazio de Marvila e da Mouraria ali brincava. Um bebedouro, muitas árvores e bons bancos eram um convite.Serve este extenso intróito para solicitar à câmara que lhe devolva a antiga dignidade. Sem grandes obras! Reparando os cómodos bancos de ripas, repondo o bebedouro, arranjando o lago central e colocando ali árvores. Mais árvores. Os dois velhos plátanos, decrépitos, sem força e sem sombras, os bancos apodrecidos e vandalizados são, quanto a mim, a imagem e o resultado de largas dezenas de anos de falta de cuidado dos utentes e da pouca atenção da junta de freguesia e da edilidade dada à nossa primeira praça. A velha praça.Mário V. Oliveira - Santarém