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Na junta com os vivos, na profissão com os mortos

Na junta com os vivos, na profissão com os mortos

António Mendes, autarca de Benfica do Ribatejo e agente funerário
É um homem simples, que não tem feitio nem jeito para ser político. É assim que se define António Mendes, que cumpre o segundo mandato, eleito como independente pelo PS, à frente da Junta de Freguesia de Benfica do Ribatejo, concelho de Almeirim. António Mendes, antes de ser presidente, já tinha tido contacto com a autarquia. Durante sete anos foi condutor das ambulâncias da junta. Actividade que lhe proporcionou o contacto com muita gente e algumas amizades que ainda preserva. Começou a trabalhar aos 11 anos, depois de ter feito a quarta classe, num armazém de adubos em Benfica do Ribatejo. Hoje, com 57 anos, o homem que nasceu em Cortiçóis é agente funerário. Uma profissão onde se sente bem, apesar de em criança ter a mania de querer ser electricista. Os mortos não o assustam. Costuma vesti-los e prepará-los para os funerais. Pior são alguns vivos. António Mendes não gosta de pessoas complicadas, que reclamam por tudo e por nada. Mas ao seu jeito de pessoa simples, amável, ouve toda a gente e tenta resolver os problemas de todas as pessoas. Para além da junta de freguesia e da actividade profissional, que já lhe ocupam muito tempo, o autarca tem ainda a seu cargo 9 hectares de vinha. A maior parte das uvas vão para a adega cooperativa de Benfica, mas o autarca faz sempre em casa cerca de 3 mil litros. Gosta de ter sempre uma pinga caseira para oferecer aos amigos e para dar a pessoas a quem deve favores. Preza um bom petisco, mas não é pessoa de andar sempre nos cafés ou em farras com os amigos. Apesar de ser produtor e de gostar do néctar da região, passa semanas que não bebe um copo. O autarca, que diz não ter jeito para aldrabices, gosta do ar puro, do cheiro do campo, da sensação de liberdade. É ele que faz as podas da vinha, as curas e na vindima é quem leva as uvas para a adega. Já foi doente pelo Benfica, o clube de futebol, e foi muitas vezes ao estádio da Luz. Agora anda mais afastado das andanças do futebol, principalmente por causa das promiscuidades que se sentem no sector. Caracteriza-se como um “mãos largas”. Se conseguir, faz tudo para satisfazer um pedido. Anda sempre a correr, facto que o tem impedido de caçar. Todos os anos tira a licença, mas há uma década que não dispara um tiro das suas três espingardas. Já esteve em Macau, onde foi tropa em 1970. Passou por Timor e pela costa africana. Para além disso já foi à Madeira e a Espanha. Não é homem de andar a viajar. É mais um homem de acção e de trabalho. E só vai parar quando não tiver forças.
Na junta com os vivos, na profissão com os mortos

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