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Rasgar meias de seda?

Recordo uma deliciosa expressão brasileira sobre pára-quedismo político: “eles vêm, rasgam meias de seda, mas nada acontece… Perdem as eleições! Não assinam o ponto, e pronto!”

O recrutamento de “figuras nacionais” para combates autárquicos está longe de ser tarefa simples. Pior do que este recrutamento, somente o exercício dos respectivos cargos.No que toca às eleições para assembleias municipais, o exemplo de Santarém prova que, no caso do PSD, todas as “figuras nacionais” chamadas para os “combates escalabitanos”, até 2001, nem sequer chegaram a tomar posse dos seus lugares. Lembram-se do exemplo do antigo ministro Mira Amaral, derrotado por José Niza?A vinda de “pesos pesados” para os confrontos locais, supostamente, estimula o “partido hospedeiro” (seja ele qual for). Contudo, não há forma de evitar, pelo menos, um efeito secundário indesejável – o acréscimo de motivação política nas hostes adversárias. De facto, estas tendem a unir-se, ainda mais, sempre que a luta tem um opositor de “prestígio nacional”. Por outro lado, os adversários poderão mesmo afirmar que o seu trabalho foi tão importante que obrigou à vinda de reforços para o “exército invasor”. Afinal, se o seu esforço autárquico não tivesse contado para o progresso concelhio, porque motivo viriam catedráticos, ministros, escritores e parlamentares europeus combater nas “autárquicas”?Esta questão, com cabelos brancos, é dramática para os comités de decisão política: será que trazer “figurões” para a “batalha local” acrescenta a quem recruta, ou incita ainda mais o adversário, qual David perante Golias?O certo é que o tiro poderá errar completamente a “urna eleitoral”. É o caso das situações em que os “pára-quedistas” nem sequer aterram nos seus lugares para efectuar uma simples assinatura de posse.Recordo uma deliciosa expressão brasileira sobre pára-quedismo político: “eles vêm, rasgam meias de seda, mas nada acontece… Perdem as eleições! Não assinam o ponto, e pronto!”Depois deste quadro, o que dizer do exemplo de Vasco Graça Moura (VGM)? Candidato à Assembleia Municipal de Santarém, nas eleições de 2001, não abdicou do lugar, conferindo crescente prestígio às funções para que foi eleito e manifestando grande interesse pela resolução dos problemas de “Santarém CAPITAL”. VGM é uma excepção, pela positiva. Soube honrar os compromissos, ajudou a credibilizar a política e poderá reduzir os “riscos” de novos recrutamentos de “figuras nacionais” para as pugnas autárquicas, na nossa região, ou em regiões diferentes.Com competência e humildade, VGM acabou por fazer com que a história registasse dois períodos na Assembleia Municipal de Santarém: AVGM (antes de Vasco Graça Moura); DVGM (depois de Vasco Graça Moura), ou seja, antes e depois do político que, à escala local, fez a passagem entre a “deserção” de uns e o “sentido das responsabilidades” de outros. A pontinha da asa do orgulho ribatejano tem motivos para a exaltação deste exemplo na cidade que é a sua capital.O Governo da Nação deve pôr os olhos em VGM, seguir-lhe os passos e dar à “mais histórica e monumental das nossas vilas” (hoje cidade) tudo aquilo que lhe prometeu, quer durante o mandato de Durão Barroso (verbas para o Teatro Rosa Damasceno), quer nestas “núpcias governativas” de Santana Lopes (o Ministério da Agricultura em Santarém, cidade que, no “dizer eterno” de Ramalho, é “o mais aberto sorriso agrário da terra portuguesa”)!Se a palavra dada pela “Governança de Portugal” não tiver palavra, então de pouco valeu VGM ter dado o exemplo do que é a palavra com palavra!Póvoa da Isenta (Moinho de Vento), 24 de Outubro de 2005.

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