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De Mação a Vila Franca

*João CalhazAo contrário do que se possa pensar, o stresse do fecho de edição não é exclusivo das terças-feiras. Pelo menos para mim, que gosto de organizar o trabalho e gerir o tempo sem entrar em “parafuso”. Essa coisa de trabalhar sob pressão pode ser muito bonita, mas não é com certeza saudável nem boa conselheira numa actividade intelectual onde a clareza de ideias e a disponibilidade mental são essenciais.A azáfama começa logo à quarta-feira, muitas vezes de madrugada, quando me deito após mais um jornal fechado. É a pensar no que correu mal, no que pode ter falhado e na edição seguinte que tento entrar no mundo dos sonhos. Por mais que queira, é difícil desligar a ficha e alhear-me da actividade que há dez anos escolhi para profissão.A angústia do próximo jornal é uma síndroma que atinge os jornalistas que se preocupam com o que fazem. É um ciclo vicioso, semana a semana, espiral sem fim. A dinâmica social, económica e política da região nem sempre garante matéria para se construir uma edição atractiva. É necessário “inventar” reportagens, buscar desenvolvimentos em matérias antigas, arranjar ângulos diferentes para dar valor de notícia a realidades que todos os dias se cruzam no nosso caminho.Ao contrário do que disse o director do Público num debate realizado em Julho, em Santarém, na província também há temas com interesse público e susceptíveis de debate que justifiquem a aposta na comunicação social local e regional. As generalizações são por norma redutoras e simplistas. E contrariar a opinião de José Manuel Fernandes é por isso um exercício fácil. Temas para debate existem. Assim houvesse mais massa crítica e vontade. Só para falar de assuntos que, com regularidade, vão sendo abordados no nosso jornal, podemos citar a valorização e eventual regularização do Tejo, o aeroporto da Ota, a divisão administrativa que cortou a região ao meio, o ordenamento da floresta, a agricultura e alguns outros.O que o director do Público poderia ter dito é que a província é um reflexo do todo. Há temas interessantes para debate mas pouca gente está disposta a perder tempo com isso. Recordo-me que quando a candidatura de Santarém a património mundial foi retirada não se ouviu uma mosca. O assunto merecia ser discutido, até pelo avultado investimento feito pela autarquia, mas tivemos de ser nós a pedir os comentários. Porque ninguém reagia…Situação semelhante, salvo honrosas excepções, passou-se com a divisão do distrito de Santarém em duas fatias, cada uma colocada na sua região plano a partir de 2006 – Médio Tejo para a Região Centro, Lezíria para o Alentejo. Ainda muita gente se vai arrepender desse silêncio cúmplice.Aliás já é fácil de ver que esta região se encontra profundamente dividida. Tomar puxa para um lado, Santarém para o outro, Abrantes ainda para outro. Os governos distribuem investimento consoante as conveniências políticas e eleitorais. E daqui a uns anos ninguém conseguirá unir o que agora vai sendo retalhado.O presidente da direcção da Nersant, numa extensa entrevista concedida a O MIRANTE publicada na edição de 26 de Fevereiro deste ano, assumia e reforçava o carácter regional da sua associação, numa altura em já se sabia que o distrito e a região se fragmentavam por duas três comunidades urbanas (Médio Tejo, Lezíria do Tejo e Estremadura) e duas regiões plano (Alentejo e Centro). E lembrava que era das poucas entidades privadas que ainda se preocupavam com essa abrangência.Desde aí, José Eduardo Carvalho tem apelado à união entre os agentes dos vários sectores. Só assim se pode competir num mercado cada vez mais concorrencial. A marca Ribatejo ainda vale alguma coisa, nem que seja no imaginário popular. Mas a região é muito mais que touros, cavalos e campinos.É também isso que O MIRANTE se esforça por revelar todas as semanas, unindo em 72 ou mais páginas uma região que tem o Tejo como fio condutor e que vai de Vila Franca de Xira a Mação. Porque à região não falta valor, falta sim quem a olhe como um todo sem calculismos políticos ou interesses partidários. *Jornalista

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