uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

“O público é sempre o último juiz”

Francisco Pinto Balsemão diz que os poderes instituídos têm obrigação de prestar contas perante a sociedade
O homem mais poderoso no sector dos media nacionais foi na terça-feira a Abrantes “espantar” os maus agoiros daqueles que querem ditar a morte da Imprensa regional e relevar a importância que esta cada vez mais tem perante a comunidade onde se insere. No âmbito do 17º aniversário do jornal O MIRANTE, Francisco Pinto Balsemão elogiou papel desempenhado pela comunicação regional e deixou também alguns “recados” aos poderes instituídos.Francisco Pinto Balsemão acredita numa Imprensa regional forte e independente, desde que os projectos sejam bem estruturados, com dimensão empresarial e qualidade profissional. E refere que quem detém o poder, económico, político ou social tem a obrigação de prestar contas, de informar. Porque os leitores assim o exigem.Numa conferência cujo tema era precisamente a comunicação social como motor de desenvolvimento regional, realizada no âmbito do 17º aniversário do jornal O MIRANTE, Francisco Pinto Balsemão - proprietário do Expresso, da Visão e da SIC, entre outros órgãos de comunicação – não se limitou apenas a enaltecer o papel da informação regional, mas falou também da relação entre esta e os poderes políticos e empresariais, pondo o dedo em algumas feridas ainda por cicatrizar.“Nem tudo funciona como um mar de rosas no relacionamento entre os meios e o poder local”, referiu o empresário dos media, adiantando que em alguns casos cai-se em exageros ou roça-se as fronteiras da ambiguidade.É que a proximidade dos interlocutores, o conhecimento das pessoas alvo da notícia, faz com que em alguns casos haja dificuldades acrescidas em analisar friamente os acontecimentos e os agentes envolvidos, por se misturarem com interesses pessoais. Isso acontece, segundo Pinto Balsemão, porque continuam a faltar estruturas verdadeiramente empresariais a muitas empresas dos media, fragilizando os meios de comunicação, tornando-os mais vulneráveis ao poder económico e deixando-os à mercê de subsídios vindos de poderes públicos ou particulares, sempre anunciados com as melhores das intenções mas quase sempre baseados em interesses pessoais.É por isso que o empresário acredita que só projectos bem estruturados e sérios, com dimensão empresarial e profissionais competentes podem estabelecer o relacionamento equilibrado entre os meios de comunicação social e os poderes políticos e económicos. O novo papel dos meios de comunicaçãoNuma sociedade em que as instituições tradicionais estão em falência ou decadência, em que há novos poderes, não herdados da revolução industrial, que são “menos controláveis” e em que o poder político está em défice, a informação em geral e os meios de comunicação em particular podem desempenhar um novo papel – o de legitimadores do poder.O que Francisco Pinto Balsemão quer dizer é que na actuação da comunicação social na era actual, a possibilidade de se fazer edições sucessivas ou de entrar em directo de qualquer ponto do país dá um papel muito mais activo aos meios de comunicação social.Hoje, diz, o empresário, os meios detentores do poder são obrigados a prestar contas do que dizem e fazem. “Quando eu sair daqui, se alguém me puser o microfone à frente e vier falar sobre um assunto completamente diferente daquele que estou a abordar, eu vou ter de prestar contas. Posso até dizer que não faço comentários à questão que me é posta, ou para me ligarem amanhã que eu agora não tenho elementos para responder, mas tenho de prestar contas”.E este facto, refere Pinto Balsemão, não é só um problema dos políticos que estão sentados no Terreiro do Paço. “Um presidente de câmara tem de estar preparado para, à saída dos Paços do Concelho, responder sobre qualquer questão do interesse dos seus munícipes”.São pressões a que outros intervenientes públicos da sociedade também têm de estar cada vez mais habituados e preparados para responder – empresários, dirigentes desportivos, personalidades da cultura. “José Saramago também é questionado”.E isso é bom ou mau? questiona-se o empresário, respondendo logo de seguida – “eu acho que é bom”. É claro que uns sabem “defender-se” melhor dessa pressão que outros, sabem utilizar o microfone ou o gravador como trunfo. Coisa que, de acordo com o empresário, não pode também ser condenada. “É apenas uma tecnologia que sabem aproveitar”.O que não pode acontecer é os agentes intervenientes na sociedade “fugirem” à obrigação de informar. Porque o público, o leitor, é o último juiz.

Mais Notícias

    A carregar...