O escultor Rui Fernandes considera fascinante o jornalismo de investigação e era nessa área que gostaria de trabalhar se alguma vez integrasse uma redacção. No seu local de trabalho, na Golegã, de bata sarapintada de mil cores diz que o meio mais fácil de chegar às pessoas é através de “uma linguagem forte, directa e apelativa e de imagens do mesmo género. O jornalismo do futuro tem que ir por aí”, defende.O artista confessa que a leitura de jornais não lhe rouba muito tempo. “Vou folheando, vou folheando”. As poucas vezes que se detém num ou noutro tema fica sempre com a sensação que as notícias são o reflexo do poder económico. O MIRANTE ocupa-lhe algum tempo. “Um jornal que tem crescido e melhorado muito”, diz. Mas não procura nada de especial quando o tem nas mãos. “Às vezes ando à procura de alguma coisa e vou logo direitinho para as páginas dos anúncios”.A leitura superficial dos jornais pode ser uma forma de defesa. O artista confessa que se preocupa com as notícias relativas à fome, violência e desgraça. “Quem me dera viver num mundo melhor”, desabafa.O primeiro contacto que teve com os jornais foi com o Diário Popular que o pai levava para casa. E é em casa que gosta de olhar para os jornais. No café não lhes pega. A meio da conversa lembra-se de algo mais que lhe agradaria fazer se fosse jornalista. “Gostava de pegar em três ou quatro líderes mundiais e perguntar-lhes o que querem fazer deste mundo. Talvez num debate televisivo”. Habituado a sentir as coisas com as mãos. A folhear o jornal com os dedos que ficam impregnados de tinta preta, o escultor não se sente atraído pelas novas tecnologias da informação. Mas admite um dia comprar um computador e ligar-se à Internet… talvez para ler notícias de outros países, de outras cidades. De Paris, por exemplo, onde gostava de ir todos os anos.