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As virtudes de um mosteiro em ruínas

As virtudes de um mosteiro em ruínas

Albergou a realeza e foi alvo de devoção e peregrinações
O mosteiro de Santa Maria das Virtudes, na localidade de Virtudes, tem uma história de mais de 600 anos que, actualmente, se reduz a um edifício em ruínas. No meio da povoação e bem perto da linha de caminho-de-ferro erguem-se as paredes de um templo que serviu reis e devotos marianos ao longo da sua vida Em 1993, foram realizadas importantes escavações das quais resultaram a recolha de um espólio valioso, hoje guardado no Museu Municipal Sebastião Mateus Arenque, em Azambuja, após anos em que acumulou entulho com terras cobertas de mato. No exterior, as terras estiveram um metro acima do nível do solo e do pavimento interior da igreja, classificada como imóvel de interesse concelhio. Dezasseis peças entre pedaços de azulejos hispano-árabes, pratos cerâmicos e louça, copos em barro e recipientes, além de cinco moedas em cobre e duas balas do tempo das invasões francesas podem ser vistas naquele espaço cultural.Quanto à devoção a Santa Maria, conta a lenda que por volta de 1403 um pastor de vacas encontrou, escondida num silvado, uma pequena imagem de Nossa Senhora a amamentar o filho, quando tinha ido à procura de um touro que se tresmalhara e que terá encontrado de joelhos e cabeça baixa, em postura de adoração. O vaqueiro, assombrado, terá pegado na imagem e levou-a para a aldeia onde a mostrou aos companheiros e ao povo, que fez erguer em honra da Virgem, um templo que se chamou de Santa Maria das Virtudes. Primeiro um edifício tosco de madeira e, mais tarde, um templo, que iria suprimir a designação de Santa Maria das Ademas.A ordem de S. Francisco tomou posse do mosteiro em 1434, após autorização papal de 1419. Os sinais de degradação começaram no século XVII e agravaram-se a partir da extinção das ordens religiosas, em 1834. O mosteiro de Santa Maria das Virtudes teve ainda importância pelos monarcas que hospedou. D. Duarte, que o fundou, fez uma promessa no local antes da conquista de Ceuta. D. Afonso V, D. João II (agradeceu ali a graça pela conquista de Ceuta) e D. Leonor também por ali passou. A igreja do mosteiro patenteia elementos arquitectónicos góticos, manuelinos e barrocos. No local onde a Virgem foi vista pela primeira vez foi mandada colocar uma lápide em azulejo que ainda hoje pode ser vista. O futuro do mosteiro é ainda incerto. Silvino Lúcio, presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de Baixo, diz que existe entendimento com o proprietário dos terrenos onde está o mosteiro para que seja adquirido pela autarquia e, posteriormente, candidatado a fundos que permitam a sua recuperação.
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