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O inventor de Benavente

O inventor de Benavente

Primeira máquina de plantar tomate nasceu há quarenta anos no Ribatejo

A primeira máquina de plantar tomate da Europa nasceu em Benavente. Quarenta anos depois, o orgulhoso inventor contou a história a O MIRANTE.

A primeira máquina de plantar e regar tomate da Europa tem raízes em Benavente. A invenção aconteceu há 40 anos e o inventor chama-se João Sabino, hoje com 83 anos e ainda conhecido em todo o Ribatejo pela produção de enormes searas de tomate.Como nos anos 60 não havia mão-de-obra suficiente para as grandes plantações de tomate que idealizava, João Sabino lembrou-se de inventar essa máquina que viria a revolucionar o meio agrícola europeu. A máquina, totalmente em ferro, era atrelada a um tractor. O engenho era constituído por dois discos, que ao serem abastecidos por apenas duas mulheres “plantava o tomate na melhor das perfeições”, referiu o inventor. Apenas quatro mulheres faziam mais trabalho do que 40 pessoas. E como o grande segredo para uma boa produção de tomate é efectuar-se uma rega logo após a plantação, João Sabino equipou também o seu engenho com dois bidões de água. Recorde-se que, na época, as plantações de tomate eram normalmente feitas por um homem que plantava o hortícola na terra e uma mulher que vinha atrás com um regador na mão a colocar água sobre a plantação. Com muito menos mão-de-obra, esta nova invenção permitiu a João Sabino aumentar a sua produção de 60 para 120 toneladas anuais. Uma marca conseguida por poucos seareiros do Ribatejo. O evento acabou por ter a sua patente registada, em Portugal e Espanha, com a marca FIT (Fomento da Indústria do Tomate), o nome de uma empresa da Marateca, onde João Sabino era director dos serviços agrícolas. A máquina acabou por ser feita pela Mecânica Agrícola, uma empresa de máquinas agrícolas ainda hoje existente em Benavente. Como se tratava de uma invenção jamais vista em toda a Europa, João Sabino achou por bem fazer uma cerimónia de apresentação do evento. A ini-ciativa decorreu no Solar de Benavente, em 1963. Além de muitas pessoas ligadas à agricultura, compareceram também engenheiros agrícolas italianos e ingleses para verem a máquina a funcionar. Só nesse dia, foram feitas dezenas de encomendas. Por cada máquina vendida, na altura a 15 contos, João Sabino recebia como comissão de patente mil escudos.Quase todos os seareiros que encomendaram as máquinas, após terem verificado a eficiência da mesma nas searas de tomate, enviaram cartas de congratulação a João Sabino pelo feito alcançado. Documentos que o inventor ainda guarda como recordação dessa época. Pode pensar-se que a máquina veio tirar mão-de-obra aos campos do Ribatejo, mas isso não aconteceu, porque não havia pessoas em número suficiente para conseguir alcançar as produções desejadas. Só para a apanha do tomate, João Sabino chegava a ir contratar 200 pessoas ao Alentejo.A máquina inventada não era um simples engenho artesanal. Foi de tal modo inovadora que se manteve actualizada durante mais de 20 anos. Só a partir da década de 80 é que começaram a surgir máquinas de plantar mais modernizadas. “Ainda hoje conheço algumas pessoas, no Alentejo, que utilizam em pequenas searas a máquina que inventei”, refere com orgulho João Sabino. Muitos são ainda os seareiros da época que recordam esta invenção. Em conversas tidas com João Sabino, são unânimes em considerar que revolucionou o trabalho agrícola dos anos 60.Apesar deste êxito alcançado, este ribatejano de gema diz que não gosta que o chamem inventor. “Sou apenas um curioso”, refere. Mário Gonçalves
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