Trabalhadores da Opel querem mais dinheiro
Administração alerta que a fábrica de Azambuja pode fechar
Os trabalhadores da fábrica da Opel, General Motors (GM) na Azambuja, suspenderam a sua actividade durante 24 horas na quinta-feira, 17 de Março. Os funcionários protestaram contra o acordo social proposto pela empresa, que passa por aumentos salariais indexados à inflação e maior flexibilização laboral.Administração da empresa e comissão de trabalhadores fizeram balanços diferentes do resultado da paralisação. Enquanto os trabalhadores referiram uma adesão de 97 por cento no primeiro turno, o porta-voz da empresa estimou que só 52 por cento dos funcionários estiveram ausentes do trabalho no mesmo período. A greve quase que não se fez sentir no sector administrativo da empresa. A suspensão da actividade nas linhas de montagem impediu a produção de cerca de 320 viaturas. Segundo a administração da empresa a fábrica de Azambuja pode encerrar daqui a três anos se não houver contenção salarial e colaboração dos operários. Os trabalhadores decidiram partir para a greve depois da empresa ter mantido a intenção de proceder a um aumento salarial para 2005 de 2 por cento, contra os 75 euros reivindicados pelos trabalhadores. Na segunda-feira, 14 de Março, houve novo plenário e os trabalhadores decidiram manter o diálogo com a administração que também se mostrou receptiva a conversar.O porta-voz da Opel, Miguel Tomé, justificou que, perante um cenário extremamente competitivo da indústria mundial, “é fundamental dotar a fábrica da Azambuja de uma capacidade de concorrência”, que passa pela consagração de um acordo social, com base plurianual, “que preveja a competitividade que a fábrica precisa”.Além da contenção orçamental (aumentos salariais indexados à inflação), a Opel considera fundamental “introduzir mecanismos de flexibilidade”. Na prática a administração quer que os trabalhadores descansem nos períodos de menor trabalho e compensem as suas folgas com trabalho extraordinário aos sábados e sem remuneração extraordinária. A proposta apresentada pela administração prevê a troca de quatro dias de paragem durante a semana por dois sábados mensais com um prémio compensatório.Paulo Vicente, coordenador da comissão de trabalhadores disse que os operários estão dispostos a discutir o modelo de flexibilização, mas querem contrapartidas. O representante dos trabalhadores lembra que na fábrica sempre se fez trabalho adicional. Segundo a administração da GM, o impasse nas negociações laborais é um sinal contrário ao pretendido pela empresa, numa altura em que está em fase de decisão a produção do modelo que vai substituir a Combo, a partir de 2008.Média é de 1100 eurosA média dos salários pagos aos operários da unidade de Azambuja é de 1100 euros (220 contos) mensais. O valor foi divulgado pela administração da GM e está “muito acima” da média das industrias portuguesas e que dobra a média da contratação colectiva para o sector. A proposta da empresa prevê aumentos idênticos ao valor da inflação, inicialmente é avançada a taxa de 2 por cento que será corrigida no final do ano com pagamento de retroactivos.A fábrica de Azambuja emprega 1200 trabalhadores provenientes dos concelhos de Azambuja, Alenquer, Cartaxo, Benavente, Salvaterra de Magos e da Grande Lisboa. A unidade produz 70 mil carros por ano e concorre com as unidades de Saragoça (Espanha), da Polónia e da Alemanha. A reestruturação da General Motors também originou greves na Alemanha onde foram dispensadas 10 mil pessoas.
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