Vila Franca recusa ser cidade sem nome
Livro editado pela CCDR gera polémica e indignação
Vila Franca de Xira recusa ser uma cidade sem nome. Um dormitório suburbano comparado com a Brandoa (Amadora) ou o bairro da bela Vista (Setúbal). A presidente da câmara vilafranquense Maria da Luz Rosinha reagiu com indignação à forma como a cidade é retratada no livro “Cidades sem nome - crónica da condição suburbana”, apresentado no dia 8 em Setúbal.
A autarca que é também presidente Área Metropolitana de Lisboa fez questão de manifestar o seu descontentamento na cerimónia de apresentação do livro patrocinado pela Comissão Coordenadora do Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale to Tejo (CCDRLVT).“Sinto-me ofendida. Os decisores políticos não podem promover livros como este e ficarem descansados”, referiu na cerimónia onde considerou algumas passagens do livro como um insulto aos vilafranquenses. Em declarações a O MIRANTE, a autarca reforçou o descontentamento. “ A cidade de Vila Franca tem uma vivência própria, tem uma identidade própria e merece que isso seja tido em conta.”, disse. “Longe vai o tempo em que o país era Lisboa e o resto era paisagem”, acrescentou.Rosinha causou algum embaraço do presidente da comissão coordenadora. Fonseca Ferreira ficou surpreendido com a intervenção e referiu que o sentido das palavras não era depreciativo. O responsável sugeriu a realização de um debate sobre políticas de ordenamento do território na Grande Área Metropolitana de Lisboa e considerou que o livro pode ser um ponto de partida.Em declarações a O MIRANTE, a presidente da Área Metropolitana de Lisboa admitiu que o assunto volte a ser abordado na reunião de presidentes de câmara, mas considerou mais importante a reflexão sobre políticas globais para melhorar a qualidade de vida na Grande Lisboa. O livro “Cidades sem Nome” foi realizado pela jornalista Fernanda Câncio, natural da cidade de Vila Franca, e pelo fotógrafo Abílio Leitão. O trabalho pretende identificar realidades suburbanas na Área Metropolitana de Lisboa nos espaços que identificou como “cidades sem nome”“O livro não pretende ser uma ‘bíblia’, mas um ponto de partida para uma reflexão sobre estas realidades (suburbanas)”, justificou a autora.A jornalista admite que existe uma tendência para conotar o conceito de “subúrbio” com factores de pobreza e outros fenómenos de exclusão como os que se verificam na Brandoa ou na Bela Vista. Mas o livro retrata igualmente a realidade do condomínio fechado de Belas Clube de Campo, em Queluz, onde faltam equipamentos, transportes públicos e empregos.O conceito de suburbano é entendido, cada vez mais, como sinónimo de um espaço onde as pessoas vivem mal, perdem muito tempo nos transportes públicos entre casa e trabalho e quase não têm vida familiar.
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