Despedimento colectivo ameaça trinta trabalhadores
Luságua deixa de gerir ETAR de Alcanena e funcionários temem pelo futuro
O espectro do despedimento colectivo paira sobre três dezenas de trabalhadores da Luságua. A empresa do grupo Águas de Portugal terminou esta semana o contrato de exploração da ETAR de Alcanena e os trabalhadores adstritos ao sistema ficaram sem trabalho. Há solução mas traz custos para o município.
A Solubre, nova concessionária da Estação de Tratamento e Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, iniciou funções na segunda-feira, ao mesmo tempo que três dezenas de funcionários contratados pela ex-gestora do equipamento ficaram sem trabalho.O despedimento colectivo por parte da Luságua pode ser uma realidade caso a empresa não chegue a um “pacto” com a Câmara de Alcanena. A situação é simples – a Luságua pretende que grande parte daqueles funcionários sejam transferidos para a gestão do lixo e das águas potáveis, actividades que continua a executar no âmbito de um contrato assinado com a autarquia.O problema é que os trabalhadores actualmente ao serviço da Luságua nesses sectores são funcionários com vínculo à autarquia. Isto é, são funcionários camarários a trabalhar para a empresa privada, sendo pagos pela autarquia que, por sua vez, recebe da Luságua esta prestação de serviços.Para não proceder ao despedimento colectivo dos trabalhadores adstritos à ETAR, a Luságua pretende transferi-los, pelo menos grande parte, para a gestão dos lixos e das águas potáveis. E para isso, os trabalhadores camarários têm de ser novamente absorvidos pela autarquia. Uma situação que o presidente da Câmara de Alcanena disse estar ainda a ser analisada e ponderada. Talvez porque a questão da absorção dos trabalhadores a fazer actualmente serviço para a Luságua implicará um acréscimo de custos para o município. Luís Azevedo mostra-se no entanto sensível à situação preocupante vivida pelas três dezenas de funcionários que deixaram a semana passada de prestar serviço na ETAR Ainda mais porque a maioria daqueles trabalhadores residem em Alcanena ou em concelhos limítrofes. “Estamos a tentar reduzir o impacte social e económico que um despedimento colectivo traz sempre”, refere o autarca.Num comunicado enviado à redacção de O MIRANTE, a Luságua informa a cessação de funções na ETAR de Alcanena mas em nenhuma parte do texto se refere à questão dos trabalhadores. O nosso jornal contactou a empresa, em Lisboa, mas nenhum responsável se mostrou disponível para falar com O MIRANTE.Concurso público reduz custosO prazo da concessão para o tratamento dos efluentes de Alcanena, por parte da Luságua, terminou às 24 horas de dia 20 de Março. Apesar de o contrato estabelecido entre a empresa e a Associação de Utilizadores do Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Alcanena (AUSTRA) prever que a exploração poderia ser renovada por mais dez anos, os empresários que compõem a associação preferiram denunciá-lo e partir para a abertura de um concurso público.O objectivo era tentar reduzir os custos de exploração, o que foi conseguido com a entrega da gestão à Solubre, empresa do grupo Lena. De acordo com o presidente da câmara, com a nova concessão o valor a pagar mensalmente pela AUSTRA regista uma queda de 40 por cento relativamente ao anterior contrato, passando para os 155 mil euros. O que na opinião de Luís Azevedo só confirma que a asso ciação estava a pagar demasiado caro os serviços prestados pela Luságua.A ETAR é propriedade da Câmara de Alcanena, que acordou com a AUSTRA a manutenção e exploração do equipamento.Margarida Cabeleira
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