Uma terra a dois ritmos
Madalena é a maior freguesia rural do concelho de Tomar, em termos de população
É composta por uma população maioritariamente jovem, aguerrida e interveniente na sociedade. Bem servida em termos de acessos, rodoviários e ferroviários, a Madalena é uma das freguesias mais desenvolvidas do concelho de Tomar. A falta de iluminação pública e o deficiente abastecimento energético à população pesam no outro lado da balança.
“Estamos na terra de uma mulher louca”, diz um jovem de Peniche em visita a Cem Soldos, localidade do concelho de Tomar, sede de freguesia, fazendo uma charada com a placa indicativa da freguesia, partida precisamente ao meio – Mad Lena (em inglês Lena louca”.Não se sabe se foi Maria Madalena que esteve na origem da denominação da maior freguesia rural do concelho, em termos de população. Tendo em conta o Censos de 2001, vivem quase 3500 pessoas nos 17 lugares que integram a freguesia, espalhada por 35 quilómetros quadrados.Cem Soldos, a cinco quilómetros da sede de concelho, é o principal núcleo urbano da freguesia, que se estende desde Além da Ribeira, dividida entre dois concelhos – Tomar e Torres Novas – até à Charneca do Maxial, onde está instalada a zona industrial do concelho.Uma zona industrial que, na opinião do presidente da junta, tem trazido mais desvantagens que vantagens à freguesia, nomeadamente em termos ecológicos e ambientais, retirando alguma qualidade de vida à população ali residente.É também para ali, junto à Charneca do Maxial, que está prevista a construção de fogos habitacionais para realojamento das famílias ciganas que actualmente vivem dentro da cidade, junto ao rio Nabão. Para o presidente da junta este facto não é mais que a transferência de um problema da cidade para a sua freguesia, prevendo já um acréscimo de dores de cabeça. “A solução encontrada não é a melhor, a deslocalização para uma zona rural, praticamente sem policiamento, vai criar bastante insegurança, não só na população como nas empresas instaladas na zona industrial”.Madalena é uma freguesia que funciona a dois ritmos. Tem sido das poucas do concelho a registar um crescimento populacional – o número de jovens é superior ao número de idosos – mas esse crescimento não é comum à generalidade da freguesia.Há locais que deram um salto qualitativo em termos de nascimentos e fixação de jovens e há outros que, pelo contrário, têm uma população cada vez mais envelhecida. As dificuldades de infra-estruturas, falta de saneamento básico, deficiente energia eléctrica e a própria localização são factores inibidores da fixação.A zona norte da freguesia é a mais populosa. O núcleo Gaios/Galegos/Paço da Comenda, Cem Soldos e a zona do Carvalhal Grande, Carvalhal Pequeno, Murteira e São Miguel são os mais dinamizadores do desenvolvimento da Madalena.Em termos sociais a freguesia está bem servida. A Associação do Paço da Comenda gere um centro de dia que dá resposta à generalidade da população, além de alguns equipamentos privados no âmbito do acolhimento de idosos.Praticamente cada terra tem a sua igreja ou capela e há quatro casas mortuárias, si-tuadas nos maiores aglomerados populacionais. A freguesia é ainda servida por três postos de saúde com médico diário e uma farmácia, situa-da em Porto da Lage. As escolas primárias estão cheias e algumas até receberam recentemente obras de melhoramento.Os jovens são a grande mais valia da freguesia. Porque são dinâmicos e intervenientes no progresso da terra, particularmente em termos associativos. O Sport Clube Operário de Cem Soldos (SCOSC) é uma referencia a nível do concelho, com uma enorme variedade de actividades, desde a ginástica, à dança, ao teatro (grupo Ultimato), ao judo, futsal, (com uma representação distrital), e ao cicloturismo. Mas todas as aldeias têm a sua associação ou colectividade.A Madalena possui também uma biblioteca com um acervo assinalável, situada no edifício do Sport Clube Operário de Cem Soldos, paredes meias com o espaço Internet, com um dezena de computadores instalados.No campo desportivo, a primeira falha. Os equipamentos existentes estão obsoletos, nomeadamente os polidesportivos. Na opinião de Manuel Cartaxo falta um pavilhão multiusos coberto, que permita o desenvolvimento de várias actividades. O único espaço coberto existente pertence à Associação dos Quatro Unidos, em São Miguel, actualmente a ser utilizado pela Gualdim Pais para a prática de hóquei em patins.Apesar de considerar importante a construção de uma infra-estrutura desportiva mais abrangente, o presidente da junta afirma haver outras prio-ridades para melhorar a qualidade de vida da população, como as acessibilidades a alguns locais.O maior problema é mesmo a iluminação pública – insuficiente na maioria dos aglomerados, inexistente em outros - e o deficiente abastecimento de energia eléctrica que a freguesia tem. “Hoje em dia todos sabemos o quanto é desejável e necessário o choque tecnológico que se fala a nível nacional mas como é que isso se pode fazer aqui se muitas vezes nem sequer dá para se ligar um computador por causa das quebras de energia?”, questiona Manuel Cartaxo.A agricultura já foi chão que dão uvas, hoje vive-se do comércio e dos serviços. Mas ainda há duas casas agrícolas resistentes que, entre outros produtos, vão dando de beber bom vinho à população, produzindo marcas conhecidas a nível nacional, como o Casal das Freiras e o Solar de Loendros.Margarida Cabeleira
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