A notícia do momento é a candidatura de Moita Flores à Câmara de Santarém. Não que já não se adivinhasse há alguns tempos, mas sim pelo que tem de estranho. Um ex-inspector da Judiciária devia candidatar-se era à Câmara de Alpiarça. É nos paços do concelho dessa pacata vila ribatejana, terra de comunistas e ciclistas que agora é governada por socialistas, que têm acontecido alguns dos grandes mistérios dos últimos tempos.Estou a lembrar-me, por exemplo, do enigmático desaparecimento do cofre da autarquia há um par de anitos e de que nada mais se soube. Descobrir os lunáticos que se deram ao trabalho de assaltar uma câmara, onde abundam as dívidas e não o dinheiro, era um desafio à altura de Moita Flores: Se o homem conseguiu deitar a mão aos famigerados irmãos Cavaco também havia de dar com o mono cheio de papelada que levaram da câmara sabe-se lá para quê. Talvez o encontrasse nalguma loja de velharias…Além disso, o nosso Sherlock Holmes podia ainda exercitar a sua faceta de investigador, Moita Flores podia ainda explorar até ao tutano episódios como o dos sites pornográficos que eram visitados através de um computador da autarquia. Só isso dava para escrever mais meia dúzia de novelas para a RTP. E das picantes, de pôr o Ballet Rose a um canto. Com o extra de pôr finalmente Alpiarça no mapa da notoriedade, a par de localidades tão emblemáticas como Felgueiras ou Gondomar.E havia mais, muito mais… Mas não vale a pena estar para aqui a perder tempo. O que Moita Flores quer mesmo é “libertar Santarém”. Ele que era especialista em prender, estás a ver o trocadilho? Não sei se isso é uma resposta à imagem estilizada do actual presidente da câmara, que ficou conhecido pelo seu sortido de suspensórios. Pelos vistos Moita Fores quer libertar os escalabitanos das amarras socialistas que os suspensórios de Rui Barreiro simbolizam. Espero que pelo caminho, se for eleito, acabe também com a merda de cão nos passeios da cidade, nem que tenha de algemar à cama aquelas almas que se dão ao trabalho de levantar às sete da matina para levar os canídeos a conspurcar o espaço que é de todos. Era uma grande obra, podes crer!Manel, passei a dormir mais descansado desde a semana passada. Já temos um novo governador civil de Santarém. E para variar é de Ourém. Assim está bem! Se é nesse concelho que fica o pedaço de terra mais abençoado do país – como é o caso de Fátima -; se é nessa zona que existiu gente que aspira à santidade e que tinha dons sobrenaturais como o de contactar amiúde com Nossa Senhora, é natural que se escolham pessoas dessa zona bafejada pelas divindades para nos governar, mesmo que seja à civil. É verdade que Paulo Fonseca não tem pinta de santo nem de papa-hóstias. Nem sei se tem visões. Mas vive ao pé deles e pode dar-se ao luxo de ir todos os dias à Cova de Iria pedir uns milagres antes de pegar ao serviço em Santarém. Quem sabe se assim não conseguirá pôr finalmente a região no mapa, fazer parar o TGV em estações como Virtudes e Lamarosa, construir um aeroporto civil na antiga base de Tancos, tornar o Tejo navegável até Ortiga, construir mais cem rotundas em Torres Novas e levar novamente o União de Tomar até à 1ª divisão. Para mim, não restam dúvidas: Paulo Fonseca é rapaz para isso e para muito mais e as primeiras medidas são reveladoras. Já conseguiu arranjar emprego decente para dois laboriosos militantes socialistas, que passaram a seus adjuntos, ajudando assim o primeiro-ministro José Sócrates a cumprir a meta da criação dos 150 mil empregos nesta legislatura. Temos homem!Um bacalhau abençoado do Serafim das Neves