uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

A horta do concelho

Freguesia de São Pedro é terra de gente trabalhadora, generosa e solidária

A freguesia de São Pedro, Tomar, é das que mais tem crescido no concelho, sendo a que dá maior contributo para o orçamento da câmara. Baseado na agricultura intensiva e na construção civil o desenvolvimento da terra tem sido feito à custa das suas gentes, empenhadas na melhoria da sua qualidade de vida.

É a horta do concelho de Tomar. Da freguesia de São Pedro saem semanalmente boa parte dos produtos agrícolas que são vendidos no mercado da cidade. A agricultura, com o cultivo de batatas e hortícolas, o vinho e a oliveira, é desde sempre o sustento de muitas famílias da freguesia.Fundada em 1474, durante o governo da Infanta Beatriz, a freguesia só recebeu a actual denominação em 1961. Quando foi desmembrada da freguesia de Nossa Senhora da Serra deram-lhe o nome de São Pedro da Beberriqueira, alterado no primeiro dia de Agosto de 1961 para São Pedro de Tomar, através do decreto n.º 43835.São Pedro de Tomar reivindica ser a maior freguesia rural do concelho. Apesar de na informação dos últimos Censos (2001) constar uma população de pouco mais de três mil habitantes, o presidente da junta estima que o número suplantará os 3600 habitantes.Situada a sete quilómetros da sede de concelho, São Pedro é a freguesia que mais tem crescido. Nos seus 36,5 quilómetros quadrados vão-se avolumando novas habitações. Em média, diz o presidente da junta, são construídas anualmente 16 a 17 novas casas. Ou não fosse esta uma terra de construtores civis. Muitos rumaram para Lisboa na década de 50 e 60, mas outros foram ficando e desenvolvendo a sua actividade em prol da freguesia. Talvez por isso António Marques Vicente afirme que São Pedro é a freguesia que mais contribui para o orçamento municipal, fruto dos impostos provenientes do sector da construção civil.É também uma terra de gente nobre, benemérita, que não mede esforços em prol do desenvolvimento económico e social da freguesia. Grande parte dos equipamentos que a terra possui deve-se ao empenho da comunidade.Só assim foi possível a construção de um novo edifício da junta de freguesia e do centro de saúde. Da casa mortuária, da farmácia, do espaço Internet, do estaleiro da junta, dos arranjos e am-pliação do cemitério da freguesia.Só assim foi possível pôr de pé um espaço polivalente para a realização de festas e eventos, com uma cozinha apetrechada com tudo o que é necessário para uma centena de convivas.Os armários foram dados por uma empresa de cozinhas, a pedido de um construtor da terra, as mesas e cadeiras fornecidas por empresas de móveis da freguesia, os pratos, copos e talheres oferecidos pela população.É uma comunidade virada para o seu próprio bem estar, sem esquecer o que a rodeia. A junta de freguesia nunca levou um “não” sempre que bateu à porta dos habitantes a solicitar apoio para este ou aquele investimento.O mais recente é o centro de dia. As terraplanagens começaram há pouco tempo, a grua está pronta a funcionar e os responsáveis da comissão estão cientes do desafio que têm pela frente. Porque a obra iniciou-se sem qualquer apoio estatal ou municipal. “Mas há-de ser feita, como todas as outras na freguesia” garante o presidente da junta, que sabe com o que pode contar em termos de empenho e garra da população. Os habitantes de São Pedro sabem quão importante é a construção daquele equipamento. Quase 20 por cento da população – 750 pessoas – têm mais de 65 anos de idade e não têm um local onde passar o dia.Apesar do grande número de idosos, os nascimentos têm de certo modo compensado o envelhecimento de uma freguesia que conta com 128 crianças em idade escolar no primeiro ensino básico. Destas, 45 rumam diariamente à sede de concelho com os pais, mas 83 crianças continuam a frequentar as três escolas primárias e jardins de infância existentes na freguesia.Nos últimos anos a Direcção Regional de Educação fechou três estabelecimentos na freguesia. As escolas de Alvarangel, Boca da Mata e Castelo do Bode encerraram por falta de alunos.Mas ainda este ano, se tudo correr como o prometido, a Câmara de Tomar irá iniciar a construção do centro escolar de São Pedro, que albergará no mesmo espaço a totalidade dos pequenos estudantes da freguesia, o que trará uma mais valia em termos de condições e bem estar das crianças.A prioridade dos autarcas da freguesia tem sido, nos últimos quatro anos, precisamente a melhoria da qualidade de vida da população, em termos sociais. A era do betão foi deixada para trás pelo actual executivo. Ainda há estradas em estado sofrível e o saneamento básico só agora vai avançar, mas os equipamentos sociais fazem mais falta.O executivo local não está muito preocupado pelo facto de a freguesia estar na cauda do concelho em termos desportivos e associativistas. Não há um polidesportivo digno desse nome na terra, não há qualquer modalidade desportiva no activo e as associações culturais e desportivas não têm expressão.Cada coisa a seu tempo, como diz o presidente de junta. Depois do betão e das infra-estruturas sociais chegará a altura de olhar para essa lacuna. Assim como para o turismo, com grande potencial, particularmente devido à albufeira de Castelo do Bode, mas até agora pouco explorado.Há anos que a freguesia reclama pela praia fluvial de Chãs da Conheira, contemplada no plano da albufeira mas embrenhada num litígio judicial entre a freguesia e um particular, que tem impedido o acesso das gentes da terra ao pequeno paraíso nas margens da albufeira. A praia sempre foi de todos e a comunidade tem lutado com unhas e dentes para que assim continue. “Não há-de ser alguém que vive em Lisboa que travará o bem estar da população”, garante o presidente.Margarida Cabeleira

Mais Notícias

    A carregar...