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Vereador Soares Cruz deixa Câmara de Santarém em desacordo com estratégia autárquica do PSD

A forma como foi negociado o apoio do PSD à candidatura do independente Moita Flores à presidência da Câmara de Santarém já motivou rupturas. O vereador do PSD Soares Cruz, eleito como independente, renunciou ao mandato e acusou a concelhia “laranja” de “falta de decência e de respeito”.

O vereador na Câmara Municipal de Santarém Henrique Soares Cruz, eleito como independente na lista do PSD, renunciou na segunda-feira ao mandato por discordar da forma como o partido conduziu o processo de candidatura às próximas autárquicas. Os social-democratas anunciaram, há uma semana, o apoio à candidatura do independente Moita Flores à presidência do município, após uma agitada maratona negocial. A decisão do vereador, que apanhou praticamente todo o executivo de surpresa, foi sustentada por “imperativos de consciência”. Soares Cruz não perdoou que nem ele, nem, sobretudo, o seu colega na vereação José Andrade - que há quatro anos o convidou para integrar a lista do PSD por si liderada - tenham sido consultados ou postos ao corrente da estratégia “laranja” liderada pelo presidente da concelhia de Santarém do PSD Ramiro Matos. Uma acusação que o visado desmente (ver caixa).Após ter anunciado a renúncia ao mandato, Soares Cruz não calou a indignação e declarou aos jornalistas não ter gostado que “não tivesse havido a decência e o respeito pelo princípio da solidariedade” de se informar José Andrade sobre as diligências e os contactos mantidos ao longo dos últimos tempos com Moita Flores. “Entendo que era de estrita obrigação terem dito ao engenheiro Andrade que não contavam com ele e que iriam procurar outro candidato”. Mas, continuou Soares Cruz, “não só não o fizeram como repetidas vezes disseram que não havia nada” quando “já se sabia que o então pseudo e agora candidato já andava a calcorrear as vias sacras todas” e estava instalado no concelho. “Como fazer figura de palhaço e consentir nela eu não faço, só tinha um caminho, que era retirar-me. Esta não é a minha gente, não falam a língua que eu falo, não têm o comportamento que eu tenho e por isso vou-me embora”, afirmou aos jornalistas antes de dizer que mantinha “consideração” e “amizade” por Ramiro Matos, o principal alvo das suas acusações. “Isto não tem nada a ver com relações pessoais”.E “como quem com ferros mata, com ferros morre” decidiu também não avisar antecipadamente os dirigentes do PSD da decisão que iria tomar. Só os seus colegas de bancada na vereação Hélia Félix e José Andrade foram informados, tendo este último tentado demover sem êxito Soares Cruz das suas intenções.José Andrade disse na reunião do executivo compreender a posição de Soares Cruz, mas colocou acima da “falta de rigor humano” o compromisso que assumiu com o eleitorado, manifestando a intenção de levar o seu mandato até ao fim. “Pessoalmente, e como amigo dele, tenho pena que seja levado por aí, mas entendo perfeitamente e respeito”, comentou Soares Cruz acerca da opção de Andrade.A saída de Soares Cruz abre a porta ao regresso de Ramiro Matos ao seio do executivo, onde regularmente marcou presença em substituição de outros ve-readores do PSD. O presidente da concelhia “laranja” ganha assim uma tribuna importante para fazer oposição à maioria socialista, quando se entra nos últimos seis meses do mandato.Quanto à candidatura de Moita Flores, Soares Cruz disse que não o conhece, mas que não lhe parece que seja uma candidatura ganhadora, até porque, afirmou, “já começou mal”.João Calhaz

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