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Impetuoso Manuel Serra D’Aire

Talvez embalado pela eufórica onda vermelha que vem assolando o país, resolveste adjectivar-me de “glorioso” na abertura do teu último e-mail. Já não recebia uma ofensa desse calibre desde que um tipo me mijou para os pés quando eu, impávido e sereno, assistia ao desfilar das moçoilas com os cestos de pão à cabeça na última Festa dos Tabuleiros.Associares-me, ainda que involuntariamente, a esse clube de um bairro lisboeta é uma desfeita difícil de perdoar. Só um almoço de desagravo impecavelmente regado poderá desfazer a azia que ainda me corrói as entranhas. Podias ter-me chamado tachista, vendedor de andares, ministro das Finanças, reaccionário, revisionista, santanista, vocalista dos UHF, renovador comunista, burro da Quinta das Celebridades, deputado, vendedor de banha da cobra ou mesmo só Serafim das Neves… Agora glorioso?!Só faltou mesmo chamares-me papoila saltitante e escarrapachares no e-mail a letra do hino dos “ditos cujos” cantado por aquela voz de alguém que parece ter engolido um garfo. Ou então a versão mais moderna, cantada, se assim se pode dizer, pelos fósseis dos UHF que não há meio de se fecharem na caverna.Outro herói dos nossos dias e que ficará nos anais (nada de confusões!) desta região ribatejana pelo seu perene esforço para dar nas vistas é a vereadora Verde da Câmara de Almeirim Manuela Cunha. A dirigente ecologista não perde oportunidade para causar mau ambiente e fazer a vida negra e os cabelos brancos ao presidente da autarquia, o socialista Sousa Gomes.A última foi por causa dos chouriços. Agora que se arranjou maneira de produzir os enchidos para a sopa da pedra numa fábrica em condições e com todos os produtores associados, veio a ecologista vociferar contra a solução. Só lhe falta mesmo acorrentar-se às portas da câmara em protesto para imitar os seus colegas do Green Peace. Se isso acontecer, estou certo que a chave do cadeado há-de desaparecer misteriosamente para consolo de muita gente…Manel, estamos na véspera de mais um 25 de Abril. Festeja-se a liberdade mas não nos devemos esquecer que foi graças ao movimento dos capitães que temos de aturar muito político mentecapto, arrogante e vaidoso. A democracia é como um albergue espanhol, onde cabe de tudo. Gente boa e tristes figuras. E obviamente que os chico-espertos são os primeiros a aproveitar-se.Falando a sério, a minha teoria é esta: a democracia é muito bonita, mas é em países onde haja poucos portugueses e onde, mesmo assim, os mesmos não tenham direito a voto. Não vá o Diabo tecê-las. Porque, no nosso país, decisão ditada pela maioria é muitas vezes asneira da grossa. Basta olhar para os governos que temos tido, para o Alberto João Jardim e para alguns autarcas de pechisbeque…O facto de os portugueses serem apreciadores de javardices como orelha de porco, dobrada, molhinhos, sarrabulho ou chispe também não abona nada a seu favor. E que dizer das suas preferências televisivas. Quando as audiências são lideradas por excrementos como os big brothers e as quintas das celebridades está tudo dito. Só isso bastava para aferir da capacidade que os lusitanos têm em distinguir o bom do mau. Manel, por último uma dúvida: nestes dias usa-se e abusa-se do termo “papável” na comunicação social. Cardeal fulano é papável, cardeal sicrano é papável, até o nosso José Policarpo é papável. Ao que isto chegou! Mais uma vez os desígnios da fé são insondáveis. Para mim, papáveis, diria mesmo altamente comestíveis, são pessoas como a Penélope Cruz, a Jennifer Lopez, a Cindy Crawford ou, vá lá, com um pouco de boa vontade, a Alexandra Lencastre ou a Isabel Figueira. Mas cada um sabe da sua vida e gostos não se discutem, não achas?Saudações libertinas do Serafim das Neves

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