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Entre a cidade e o mundo rural

Entre a cidade e o mundo rural

S. Salvador é a freguesia que pode dar uma nova imagem a Santarém

As raízes da freguesia estão na parte histórica da cidade, mas ao longo dos tempos os seus limites foram-se estendendo para a zona rural. São Salvador é hoje uma freguesia que vive dividida entre o passado e os desafios de uma sociedade moderna.

António Graça passa a escova freneticamente no sapato do cliente, alheio à correria de uma criança que faz os pombos levantar voo. O engraxador ocupa o lugar onde o pai trabalhou a dar brilho aos sapatos durante mais de 60 anos. E ainda se lembra do movimento de outros tempos, quando a Praça Sá da Bandeira se enchia de comerciantes à procura de bons negócios.Nesses tempos, há cerca de 50 anos, havia três cafés famosos nesta praça com o nome do marquês nascido em Santarém e grande caudilho da liberdade, também conhecida por Largo do Seminário. Na “Brasileira” juntavam-se os negociantes. Havia ainda o “Tátá” e o “Tico-Tico”, o único que ainda resiste. No cantinho da igreja da Piedade, de costas para a imponente fachada do seminário, o ex-libris da freguesia, António Graça vai dando voz aos pensamentos: “O centro histórico agora está mais morto”.Na praça aberta para o jardim da República e para o bulício de carros e pessoas atarefadas, já não há as agências da rodoviária. “As ca-mionetas paravam aqui para carregar e descarregar encomendas. Havia muita agitação”, lembra o engraxador que ao fim da manhã de sábado só tinha tido três clientes. Quando sai do seu lugar de engraxador, António Graça vai para outra ponta da freguesia, em Vale de Estacas. Diariamente convive com a história e o mundo mais rural da freguesia que se estende até à Portela das Padeiras. O presidente da junta de freguesia, Sebastião Morgado Ribeiro, chama-lhe um território multifacetado. Um espaço de esperança para a cidade, já que é para onde Santarém pode crescer.É no território de Salvador, que ocupa 11,925 quilómetros quadrados, que está implantado uma das maiores obras da cidade dos últimos tempos: o Complexo Aquático. Um equipamento imponente que rivaliza com os monumentos de alto valor da freguesia, como a igreja de Santa Clara, as capelas de Nossa Senhora da Piedade, de Nossa Senhora do Monte e de Nossa Senhora dos Anjos. Dentro dos limites da freguesia existe ainda a antiquíssima fonte das Figueiras, classificada como monumento nacional. Constituída por um alpendre gótico, a construção apresenta o escudo das armas de D. Afonso III e o brasão de Santarém. Em termos habitacionais, no geral a freguesia acolhe bairros de boa qualidade onde a pressão urbanística e os prédios de grande volumetria vão sendo preteridos. S. Pedro, Portela, Alto do Bexiga, Jardim de Cima, Jardim de Baixo, Outeirinho e Salmeirim são exemplos de locais onde as vivendas uni-familiares são sinónimo de qualidade de vida e tranquilidade. As Urbanizações de S. Pedro, do Girão e Senhora da Guia estão no lado oposto, já que foram construí-das sem infra-estruturas capazes. Um dos maiores problemas é o trânsito. Era necessário um novo acesso ao complexo aquático e uma variante a norte da Portela, para aliviar o caos da circulação automóvel. Junta-se a falta de sinalização rodoviária e toponímica que afecta em maior escala as zonas residenciais mais recentes. O saneamento básico ainda está longe de chegar à totalidade dos habitantes de Salvador. A freguesia destaca-se ainda pela imagem de degradação e falta de limpeza dos espaços públicos. Raramente os cantoneiros passam pelas zonas limítrofes ao centro. Há passeios com ervas e lixo pelo chão, uma situação talvez potenciada pela falta de contentores, que apresentam uma imagem suja. Tentando acompanhar e prever o crescimento populacional, a junta de freguesia já sugeriu à câmara municipal a construção de uma nova escola do primeiro ciclo e jardim-de-infância. Um equipamento que se pretende que fique na urbanização da Cerâmica do Pedrosa, à Senhora da Guia.Para o presidente Sebas-tião Morgado Ribeiro, S. Salvador é a “freguesia que pode ainda dar uma nova imagem à cidade de Santarém”. Isto se, adverte o autarca, “o espaço ainda disponível, que é muito, for bem aproveitado e bem enquadrado no novo Plano Director Municipal”.
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